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A Lua é 40 milhões de anos mais velha do que pensávamos, diz estudo

Pesquisadores calcularam a idade do satélite usando amostras de poeira lunar coletadas na missão Apollo 17.

Por Caio César Pereira
24 out 2023, 19h37

Uma equipe de cientistas realizou um estudo com amostras de poeira lunar coletadas pela missão da Apollo 17, a última tripulada à Lua, lá em 1972. Liderado pela geóloga Jennika Greer, da Universidade de Glasgow, na Escócia, o estudo indica que a Lua é pelo menos 40 milhões de anos mais velha do que as antigas estimativas indicavam.

Como e quando exatamente a Lua se formou ainda é tema de pesquisa. A teoria mais aceita diz que nosso satélite é fruto do choque de um grande meteoro com a Terra. Um objeto gigantesco, do tamanho de Marte, colidiu com uma Terra ainda jovem. O choque despedaçou o objeto em uma nuvem com vários detritos, com o maior pedaço formando aquilo que a gente conhece hoje como a Lua.

Sabemos que o Sistema Solar surgiu há aproximadamente 4,6 bilhões de anos. A Terra surgiu um pouquinho depois, 4,5 bilhões de anos atrás. 

Até agora, acreditava-se que a Lua teria surgido por volta de 4,42 bilhões de anos atrás. Mas, de acordo com o novo estudo, ela provavelmente tem mais de 4,46 bilhões de anos – pouco menos que a idade da Terra.

Análise de poeira lunar 

Os pesquisadores chegaram à conclusão estudando algumas amostras de cristais de zircão presentes na poeira lunar. Esses cristais foram formados milhares de anos atrás, e são os indicativos da possível idade do satélite.

Durante a sua formação, os cristais incorporam urânio em sua estrutura. O urânio, com o passar do tempo, decai em chumbo. Essa taxa de decaimento é algo bastante conhecido pelos cientistas, e por isso é possível determinar exatamente há quanto tempo o cristal se formou.

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Imagem de um grão de zircão lunar sob um microscópio.
Imagem de um grão de zircão lunar sob um microscópio. (Jennika Greer/Reprodução)

O decaimento radioativo funciona da seguinte maneira. Quando o número de prótons e nêutrons dentro do núcleo de um átomo não são estáveis, ele emite radiação. O átomo perde prótons, nêutrons e elétrons até se transformar em outro elemento. O urânio, por exemplo, se decompõe até virar chumbo.   

Ao analisar o decaimento de urânio nos cristais de zircão, os pesquisadores viram que a amostra tinha aproximadamente 4,46 bilhões de anos.

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“Esses cristais são os sólidos mais antigos conhecidos que se formaram após o impacto gigante. E porque sabemos a idade desses cristais, eles servem como uma âncora para a cronologia lunar”, disse em nota Philipp Heck, professor na Universidade de Chicago e um dos autores do estudo.

Para fazer essa análise, os pesquisadores estudaram a composição das amostras, utilizando tomografia por sonda de átomos. Em seguida, foi utilizado um espectrômetro de massa para que os cientistas conseguissem determinar as proporções de urânio para chumbo.

Esses cristais devem ter surgido algum tempo depois da formação da Lua. Isso porque, durante a formação, a superfície do satélite ainda era quente e instável, de forma que os cristais não estariam estáveis. Sendo assim, é provável que eles só tenham surgido após o esfriamento do magma lunar presente na superfície.

“É incrível poder ter a prova de que a rocha que você está segurando é o pedaço mais antigo da Lua que encontramos até agora. É um ponto de referência para tantas questões sobre a Terra. Quando você sabe a idade de algo, pode entender melhor o que aconteceu em sua história”, conclui Jennika Greer.

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