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Aliens? Radiotelescópio capta sinais suspeitos

Astrônomos canadenses detectam rajadas rápidas de rádio (FRB). Provavelmente é um fenômeno natural, mas ainda não dá para descartar algo mais instigante.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 25 ago 2022, 14h36 - Publicado em 10 jan 2019, 17h33

Dos mistérios mais persistentes revelados pela astronomia nos últimos anos, as chamadas rajadas rápidas de rádio (em inglês, FRB) estão entre os que mais intrigam. A origem desses sinais é desconhecida: são ondas de rádio cujo pulso é medido na escala dos milissegundos. Descobertas sem querer em 2007, misteriosas rajadas repetitivas foram registradas em 2015 pelo Observatório de Arecibo, em Porto Rico. Pesquisadores canadenses anunciaram que as enigmáticas FRBs sequenciais foram detectadas de novo.

A descoberta partiu das observações do Chime, um novo radiotelescópio localizado em um vale na Colúmbia Britânica. No último verão do hemisfério norte, o instrumento passou três semanas procurando FRBs — e achou ao todo 13. Os resultados foram descritos em um artigo publicado na revista Nature. A maioria das rajadas apresentava sinais de dispersão, traço que pode ser explicado por objetos astrofísicos poderosos em locais específicos, como no centro de uma galáxia ou nas partes mais densas dos restos de uma supernova.

Uma característica inusitada das rajadas captadas pelo Chime é a frequência: são estranhamente baixas. Ao contrário das FRBs anteriores, cujas frequências giravam em torno dos 1,4 mil megahertz (MHz), as novas não superam os 800 MHz. Sete delas bateram a marca de 400 MHz, frequência mais baixa em que o Chime opera. Para se ter uma ideia de como as FRBs são poderosas, sinais de rádio FM variam entre 87,5 e 108 MHz.

Boa parte dos astrônomos acredita que a fonte sejam causas naturais, como eventos extremos envolvendo buracos negros ou a fusão de estrelas de nêutrons superdensas. Contudo, nomes respeitados da comunidade científica levantam hipóteses mais excêntricas. Existe uma pequena possibilidade de que as rajadas sejam fruto da sofisticada atividade tecnológica de alguma civilização alienígena avançada a bilhões de anos-luz daqui.

Em 2017, o professor Avi Loeb, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, e o colega Manasvi Lingam, de Harvard, propuseram que FRBs podem ser “vazamentos” de poderosos sinais emitidos por artefatos tecnológicos de dimensões planetárias feitos por extraterrestres de outras galáxias. Loeb e Lingam argumentaram em um artigo que os sinais de rádio poderiam ser emanados por transmissores gigantescos com o objetivo de acelerar espaçonaves, da mesma forma que um barco à vela usa o vento para se locomover.

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Enquanto novos estudos não conseguirem fornecer algum fenômeno natural que se encaixe nas características exóticas das rajadas rápidas de rádio, a opção alienígena não poderá ser descartada. Até hoje, apenas 60 FRBs foram documentadas pela ciência, sua grande maioria tendo chegado à Terra isoladamente, não em sequência repetitiva. Cientistas esperam que avanços tecnológicos em breve nos permitirão coletar um número bem maior desses pulsos — e talvez, apenas talvez, descobrir que não estamos sozinhos no Universo.

 

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