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Ciência comprova: luto faz pessoas envelhecerem mais rápido

Situação é pior para quem passa por várias perdas

Por Victor Bianchin
3 ago 2024, 16h00

O aspecto abatido de alguém que passa pelo luto pode não ser uma questão passageira. Um novo estudo da Escola Mailman de Saúde Pública da Universidade Columbia em parceria com o Centro de Envelhecimento Butler Columbia comprovou que, sim, perder um ente querido faz a gente envelhecer mais rápido.

Os pesquisadores analisaram dados de 3.963 pessoas que participam de um estudo sobre saúde longitudinal (a longo prazo), iniciado em 1994. Observou-se as perdas sofridas durante a infância e adolescência (até 18 anos) e na vida adulta (19 a 43 anos). 26,7% dos adultos passaram pela experiência de perder alguém, índice que foi de 6,3% para as crianças e adolescentes.

As pessoas que passaram por duas ou mais perdas apresentaram idades biológicas mais avançadas, de acordo com relógios epigenéticos (uma ferramenta que se contrapõe à idade cronológica, medida pelo tempo de vida). No estudo, quem passou por dois lutos envelheceu mais do que quem passou por apenas um, os quais envelheceram mais do que os que não passaram por nenhum. Ou seja, é uma correlação: quanto mais pessoas morrem ao seu redor, mais sua idade biológica avança.

A idade biológica mede o declínio gradual de nossas células, tecidos e funções dos órgãos, fatores que podem aumentar o risco de doenças crônicas. Para calcular essa idade, os cientistas utilizam uma técnica chamada metilação de DNA. Quatro relógios epigenéticos foram usados para analisar os dados e apenas um não mostrou correlação entre luto e envelhecimento precoce.

O estudo não quantifica o tanto que um indivíduo envelhece de acordo com cada luto. Ou seja, ele não diz “a cada pessoa que morre, você envelhece X anos”. Até porque seria difícil precisar um número assim dentro de um grupo diverso de participantes. Mas a pesquisa é útil porque comprova que o luto pode acelerar a aparição de problemas de saúde em pacientes.

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“A conexão entre perder um ente querido e ter problemas de saúde durante a vida já era bem estabelecida”, afirmou em comunicado Allison Aiello, professora de epidemiologia e autora líder do estudo. “Mas alguns estágios da vida podem estar mais vulneráveis aos riscos de saúde associados à perda, e a acumulação de perdas parece ser um fator significativo”, disse.

Por exemplo, perder pai, mãe ou irmão no início da vida pode ser traumático, levando a problemas de saúde mental ou cognitivos, riscos maiores de doenças cardíacas e uma chance maior de morte precoce.

Perder um membro próximo da família em qualquer idade também traz riscos, com a repetição de lutos podendo aumentar os riscos de doença cardíaca e demência. “Ainda não entendemos completamente como a perda leva a uma redução da saúde e a uma maior mortalidade, mas o envelhecimento biológico pode ser um dos mecanismos, como nosso estudo sugere”, disse a autora.

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