Cientistas descobrem resposta para mistério de como pterossauros voavam
Entenda como os répteis de asas de mais de dez metros de envergadura conseguiam impulso o suficiente para decolar.
Imagine um animal que abre as asas e fica do tamanho de um ônibus urbano padrão. Os pterossauros da família Ornithocheiridae eram três vezes maiores do que a maior ave que existe hoje, o Condor-dos-Andes, e podiam ter mais de dez metros de envergadura. Até então, ninguém tinha descoberto como exatamente esses animais conseguiam voar.
Agora, cientistas das Universidades Federal do ABC, de Bristol, de Liverpool, e de Keele fizeram uma modelagem que lança luz sobre o impulso necessário para o voo desses animais. A pesquisa utilizou padrões e modelos de como os músculos interagem com os ossos para criar movimento em outros animais para entender a movimentação dos Ornithocheiridae.
A equipe criou um modelo computadorizado e testou três formas diferentes de salto: um salto vertical usando apenas as pernas, como as usadas por aves que vivem principalmente no solo; um salto menos vertical usando apenas as pernas, mais parecido com o salto usado por aves que voam com frequência; e um salto de quatro membros, usando também as asas em um movimento mais parecido com o salto de decolagem de um morcego.
“Ao contrário das aves, que dependem principalmente de seus membros posteriores, nossos modelos indicam que os pterossauros tinham maior probabilidade de depender de todos os seus quatro membros para se impulsionar no ar.” disse Ben Griffin, principal autor do estudo, em declaração ao site da Universidade de Bristol. “Animais maiores têm mais desafios a superar para voar, o que torna especialmente fascinante a capacidade de animais tão grandes como os pterossauros”
O artigo, publicado na semana passada na revista PeerJ, ajuda a entender a biomecânica dos pterossauros. Os autores destacam que a semelhança entre a decolagem dos pterossauros, que eram répteis, e os morcegos modernos, que são mamíferos, é uma forma também de compreender as estratégias evolutivas para voo.
É um caso de evolução convergente: quando espécies bem distantes uma da outra na árvore da vida acabam desenvolvendo a mesma solução para superar um desafio.