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Cientistas encontram câncer em fóssil de dinossauro

É a primeira vez que um tumor maligno é detectado nesse grandalhões pré-históricos – que sofriam com outras doenças humanas, como a artrite.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 9 jan 2023, 22h26 - Publicado em 7 ago 2020, 16h58

A extinção dos dinossauros e o surgimento dos primeiros humanos são eventos separados por mais de 65,7 milhões de anos. Mas, ainda que não tenham convivido com nossos ancestrais, a ciência sabe que dinos sofriam de algumas doenças que afligiram também o Homo sapiens como a artrite, por exemplo.

Quem lê a Super talvez esteja lembrado de outro caso do tipo: em fevereiro de 2020, pesquisadores israelenses publicaram evidências de que esses grandalhões pré-históricos tinham de lidar, também, com a HCL (histiocitose de células de Langerhans). Trata-se de uma síndrome rara que afeta, sobretudo, crianças – e que, até então, parecia ser exclusiva de nossa espécie.

Agora, um novo estudo mostra que dinos também compartilhavam conosco outra doença grave: o osteossarcoma, ou câncer no ossos. A doença apareceu após cientistas analisarem a fíbula – osso da perna – de um Centrosaurus apertus, ou centrossauro, grandalhão herbívoro de 5.5 metros que você vê na foto do início do texto.

O fragmento de osso em questão tem 76 milhões de anos, e foi encontrado em 1989 em Alberta, no Canadá. Cientistas acreditavam que essa deformação no osso tinha sido causada por uma fratura que não cicatrizou como deveria. Mas um novo artigo científico, publicado no jornal Lancet Oncology, que analisou a fíbula via tomografia computadorizada, chegou a uma conclusão diferente.

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Cientistas encontram câncer em fóssil de dinossauro
(Royal Ontario Museum/McMaster University/Reprodução)

Ao comparar a estrutura interna da amostra com um osso de centrossauro saudável e também com cânceres de humanos, a semelhança se acusou na hora. Trata-se da primeira evidência encontrada até hoje de tumores malignos em dinos. “A maioria dos cânceres se manifestam em tecidos moles, e muito raramente se fossilizam, o que torna essa amostra muito especial”, disse David Evans, diretor de vertebrados do Museu Real de Ontário, no Canadá, e líder do estudo, em entrevista ao site Gizmodo.

Usando modelos 3D, os pesquisadores conseguiram reconstruir a fíbula do dino a nível celular – e mostrar como a doença estava em estado avançado, comprometendo o osso do bicho. Você pode ver o modelo clicando neste link. “Há um tumor massivo, com tamanho maior que uma maçã, no meio do osso. A metade de cima desapareceu, o que significa que pode ter quebrado em vida graças ao progresso do câncer”, diz Evans.

Em humanos, osteossarcomas podem ser fatais. No caso dos dinossauros, poderiam torná-los um alvo mais fácil para predadores. Mas, de acordo com a equipe que participou da descoberta, é bem provável que a doença não tenha sido a causa da morte do dino em questão. O osso canceroso, afinal, foi encontrado próximo à ossada de outros membros do bando.

“O fato desse dinossauro herbívoro viver em um bando grande e protetor pode ter feito com que ele tivesse uma vida mais longa do que normalmente teria com uma doença tão devastadora”, explicou Evans, em comunicado. Segundo os cientistas, é provável que esses exemplares de centrossauros tenham, na verdade, morrido por causa de uma enchente – e sido soterrados lado a lado, criando um cemitério de dinos acidental. A vida selvagem não é mesmo para qualquer um.

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