Cinco insetos que mudaram nossa vida (para melhor)
Nem todos são pragas. Da abelha à mosca-da-fruta, entenda como algumas espécies alteraram o rumo da humanidade.
Eles transmitem doenças, mas também ajudam a curá-las. Abrem buraco em roupas, mas podem remendá-las. Destroem plantações, mas fornecem outros alimentos essenciais aos humanos. Os insetos pertencem a uma classe de animais extremamente diversa, com a qual a humanidade construiu uma relação de amor e ódio. Há mais de 1,1 milhão de espécies descritas e dez quintilhões (um número seguido de 18 zeros) de insetos individuais.
Se por um lado o mosquito é o animal que mais mata no mundo (meio milhão de pessoas por ano), por outro a mosca-da-fruta é uma das maiores fontes de pesquisa para entender o cérebro profundamente. Os insetos estão inseridos em cadeias ecológicas que envolvem, por exemplo, a polinização e decomposição.
Abaixo, confira cinco insetos que mudaram o mundo e a humanidade. E entenda por que eles são essenciais para nossa história, economia, cultura, alimentação e ciência.
Bicho-da-seda (Bombyx mori)
A seda utilizada em vestimentas é produzida por uma lagarta. O bicho-da-seda tem glândulas especializadas que secretam um líquido viscoso. Ao endurecer, essa secreção é utilizada para formar os casulos do inseto – de lagarta, ele se transforma em uma mariposa branquinha e felpuda. Extraímos esse material dos casulos e obtemos a fibra proteica que compõem as roupas de seda.
Os humanos exploram esse inseto para a produção de seda há milhares de anos. O bicho-da-seda é nativo da China, e por muito tempo a sericultura (a prática de cultivar seda) era restrita à região. A exportação dessa fibra moldou o comércio euroasiático e deu nome à Rota da Seda – que se tornou um dos grandes intercâmbios de mercadoria, religião e cultura da Antiguidade.
Abelha-europeia (Apis mellifera)
As abelhas não só têm uma das mentes mais sofisticadas entre os insetos, mas também são essenciais para a alimentação humana. Não estamos falando (só) do mel: 75% das culturas agrícolas dependem em algum grau dos animais polinizadores. E as abelhas são um dos principais deles. Se esses insetos fossem extintos, boa parte da nossa alimentação estaria comprometida.
As abelhas secretam cera dos abdomens para fabricar as colmeias. Os humanos usam essa cera para fazer velas, cosméticos e revestimentos. Já o mel produzido pelas abelhas – um alimento rico em açúcar – foi fonte importante de calorias para nossos antepassados.
Cochonilha (Dactylopius coccus)
Esse inseto de apenas 5 milímetros se alimenta da seiva de cactos. Nativo do México, os astecas e maias utilizavam a cochonilha para produzir um pigmento vermelho vibrante, que hoje conhecemos como carmim de cochonilha. A cor é fruto do ácido carmínico presente no organismo do bichinho.
Para obter o pigmento é necessário triturar o inseto. 70 mil cochonilhas secas rendem 0,5 kg do pó escarlate. O pigmento foi essencial para a ascensão da Espanha como potência econômica – e já apareceu em várias roupas e obras de arte. Hoje ele é um dos principais corantes da indústria alimentícia, sendo usado em iogurtes, balas e praticamente qualquer item “sabor morango”.
Kerria lacca
Este é um inseto encontrado nas florestas da Índia e Tailândia, onde se alimenta do floema das plantas. Quando está nos troncos das árvores, o Kerria produz uma espécie de casca em torno de si para se proteger. Os humanos coletam e processam essa resina para transformá-la em um fluido chamado goma-laca. Essa resina é usada como revestimento para móveis, superfícies de madeira, esmaltes e até maçãs e doces.
Mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster)
Nenhum inseto nos ensinou mais sobre nós mesmos do que a mosca-da-fruta. Dividimos 60% do DNA com esses animais, que se tornaram o organismo modelo para pesquisas genéticas. Seu curto ciclo de vida, baixa manutenção em laboratório e genoma relativamente simples propiciaram um extenso histórico de estudos com esse animal.
Recentemente, pesquisadores fizeram o primeiro mapa completo do cérebro da mosca-da-fruta, revelando 140 mil tipos de neurônios diferentes e 54 milhões de conexões entre eles. A partir delas, encontramos um caminho para começar a entender nosso próprio cérebro.