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Coiotes também conseguem fazer olhar fofinho dos cachorros, mostra estudo

O músculo que causa a cara de pidão não é exclusivo dos cachorros. Descoberta desafia a ideia de que os cães evoluíram expressões para comunicar com humanos

Por Manuela Mourão
5 out 2024, 19h00
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  • Fotografia de um coiote e dois filhotes.
     (KenRinger/Getty Images)

    Um dos truques mais inteligentes que um cachorrinho pode fazer é te olhar com cara de pidão. Fica impossível negar um pedaço do seu lanche àqueles olhos redondos e brilhantes. Mas e se, em vez de um cão, fosse um coiote que estivesse te olhando com os mesmos olhos de filhote?

    Um novo estudo analisa a capacidade desses animais selvagens de reproduzir o olhar fofo dos cães domésticos, contestando a ideia de que essa característica teria se desenvolvido apenas como resultado do adestramento. 

    A ciência por trás do olhar

    Expressões faciais são essenciais para a comunicação não verbal, e o gênero Canis é grande um exemplo disso. As evoluções comportamentais e morfológicas desses animais vêm sendo estudadas desde o início do século 21. 

    Cães e humanos andam lado a lado há no mínimo 33 mil anos. Foi quando alguns lobos entenderam que se aproximar do homem era uma boa ideia, seja por questão de segurança ou de facilidade de alimentação. Não desgrudaram mais. 

    Com isso, surgiram várias teorias de coevolução das duas espécies. Algumas dessas adaptações incluem a mudança do formato de rosto dos animais. O seu pet fofinho não tem o mesmo olhar intimidador que os lobos têm. As expressões afiliativas e agressivas ainda acontecerem em contextos determinados.

    Mesmo assim, a maior diferença está em outro aspecto dos olhos. 

    Alguns pesquisadores têm explorado a ideia de que a expressão desses animais de levantar as sobrancelhas, que resulta em maior parte da esclera (o branco do olho) aparecer, pode ter surgido como uma forma de comunicação entre cães e humanos. Alguns estudos sugerem que esse branco do olho é usado pelo homem como uma tática de interação, e justamente por isso esses animais teriam desenvolvido essa característica durante a domesticação. 

    Foi observado que os cães usam essa expressão (a de pidão, que mostra bastante da esclera), com mais frequência quando as pessoas estão prestando atenção neles, e não tanto quando estão distraídas. E não é só isso: outro estudo mostrou que cães que fazem essa expressão são adotados mais rápido em abrigos, sugerindo que os humanos são de fato atraídos por eles.

    Um time de cientistas do departamento de biologia da Universidade de Baylor, liderados por Patrick Cunningham, examinou o músculo levantador medial do ângulo do olho (LAOM, sigla do inglês), responsável pelo levantamento da sobrancelha interna dos animais, que resulta no “olhar de cachorro” nos animais. 

    O estudo, publicado no Royal Society Open Science, mostra que essa expressão não é uma característica desenvolvida apenas nos cães, e pode ser observada também nos músculos faciais dos coiotes, seus são parentes próximos. 

    Comparação de espécies

    Cunningham e sua equipe compararam os músculos faciais das espécies de canídeos. Cães e coiotes têm os mesmos 18 músculos expressivos, diferente dos primos, os lobos cinzentos, que têm apenas 16.

    Os cientistas descobriram que tanto os cães quanto os coiotes possuem o músculo LAOM bem desenvolvido. Nos lobos, esse músculo está modificado ou ausente. “Isso desafia a ideia de que a seleção humana foi a única responsável pelo desenvolvimento da expressão facial nos cães,” explicou Cunningham. A pesquisa sugere que o LAOM pode ser um traço ancestral compartilhado entre as espécies, e não apenas uma adaptação da domesticação.

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    Além disso, a equipe observou variações significativas nos músculos faciais dos coiotes, particularmente em movimentos das sobrancelhas e lábios, descartando a hipótese que a influência se daria de um possível cruzamento com cães. “Nossas descobertas revelam que a habilidade de expressar emoções não é exclusiva dos cachorros, mas uma característica fascinante que conecta várias espécies do gênero Canis,” acrescentou Cunningham. 

    Porém, o pesquisador destaca: “Apesar de não podermos contradizer por completo que o desenvolvimento do LAOM nos cachorros não foi derivado das comunicações com humanos, nossas descobertas sugerem que a evolução do músculo vai além de fatores da domesticação”

    A pesquisa aponta que o LAOM pode ter se desenvolvido originalmente para funções visuais e não apenas para comunicação. Estudos futuros envolvendo espécies como lobos vermelhos e cães selvagens africanos, que também já registraram a presença desse músculo, poderão aprofundar nosso entendimento sobre a importância das expressões faciais na sobrevivência e comunicação entre canídeos. O estudo ainda enfatiza a importância da história evolutiva e das abordagens comparativas para desvendar a complexa relação entre forma e função.

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