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Como as formigas detectam doce em cima da mesa? É pelo cheiro?

As operárias disparam em várias direções. A primeira a encontrar comida cria uma trilha para guiar as demais.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 ago 2024, 11h44 - Publicado em 10 set 2020, 14h12

Na hora da refeição – que pode ser noturna ou diurna, os hábitos variam entre as 11,5 mil espécies de formigas –, as operárias disparam em diversas direções.

O primeiro encontro com o alimento é na base da tentativa e erro. Como há vários insetos explorando o cômodo, é quase certo que um deles vai tropeçar no chocolate que você deixou aberto – ou em uma flor de néctar adocicado, ou em um cupinzeiro, no caso de formigas que comem cupins.

Os cheiros dessas guloseimas ajudam, é claro. A formiga que faz a descoberta volta para a colônia raspando o abdômen no chão – o que deixa um rastro de feromônios (as moléculas que esses bichinhos usam para transmitir recados bioquímicos).

“As fontes de açúcar normalmente têm localização fixa”, explica Paulo S. Oliveira, do Departamento de Biologia Animal da Unicamp. “Uma planta que está sempre lá, por exemplo. Uma vez que a formiga encontra, memoriza. Se uma pessoa deixa sempre restos de comida em um lugar, o inseto volta ali todos os dias. O primeiro encontro é casual. Depois, elas usam as mesmas trilhas bem-sucedidas do dia anterior.”

Trilhas? Sim. Chegando lá, a pioneira dá uma “coçadinha” nas antenas de suas colegas para informar que há uma trilha. As colegas farejam o feromônio de volta até o chocolate, formando uma fila. No caminho, deixam mais feromônio para reforçar o rastro. Conforme a fila circula, o rastro fica cada vez mais preciso.

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Em sua autobiografia “Só pode ser brincadeira, Sr. Feynman”, o prêmio Nobel Richard Feynman conta que certa vez, entediado em um final de semana, resolveu fazer um experimento com formigas na banheira. Colocou um punhado de açúcar perto da torneira e esperou até que a primeira formiga o encontrasse.

Depois, conforme mais formigas chegavam, atraídas pela trilha deixada pela formiga original, ele traçava com um lápis de cor o caminho que elas faziam. Feynman percebeu que, com o passar do tempo, as formigas evitavam os trechos em que a trilha fica sinuosa, tornando-a cada vez mais objetiva.

Fascinado, Feynman plantou um punhado de açúcar em um cantinho da cozinha, e conseguiu mudar a rota dos insetos para que eles parassem de atacar seu armário de doces. Talvez você possa tentar isso em casa.

Pergunta de @rodrigosilvasoares, via Instagram.

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