Como pinguins gays viraram símbolo da homossexualidade no reino animal
O casal gay Roy e Silo, do Zoológico de Central Park, foi o primeiro a ficar famoso. Mas nem de longe é o único.
Em 1911, o explorador britânico George Murray Levick passou três meses estudando pinguins-de-adélia na Antártida. Nas suas anotações, o pesquisador descreveu o que chamou de “atos sexuais depravados” na espécie, incluindo relações sexuais entre machos.
Quando voltou à Europa, Levick até tentou publicar seus achados em publicações científicas. Mas foram considerados escandalosos demais e censurados. Foi só em 2012 que eles vieram a público, quando sua família decidiu divulgar os manuscritos originais.
(Curiosidade: ele escreveu suas observações em grego, para que nenhum desavisado que acabasse tendo acesso a seu caderninho pudesse ler o material bruto dos “horrores” descritos ali.)
O episódio é um dos mais marcantes sobre como a ciência começou a perceber – e, eventualmente, admitir – que a homossexualidade é muito comum no reino animal. Atualmente, o comportamento já foi documentado em mais de 1.500 espécies.
Ironicamente, pinguins hoje são uma espécie de símbolo entre os animais gays – graças a casais icônicos que existem desses bichos em zoológicos mundo afora. O mais famoso deles é a dupla de machos Roy e Silo, no Zoológico de Central Park, em Nova York, que formaram um casal e foram vistos tentando chocar uma pedra como se fosse um ovo.
Em 1999, os cuidadores deram um ovo de verdade para eles, vindo de um casal hétero que não conseguia chocá-lo, e os namorados deram a luz e criaram uma fêmea de nome Tango. Anos mais tarde, crescida, Tango teve um relacionamento lésbico.
No zoológico DierenPark, na Holanda, um casal de pinguins machos virou notícia depois de roubar para si um ovo de uma família heterossexual em 2019. Em 2020, os traficantes de crianças fizeram a mesma coisa de novo – só que, dessa vez, roubaram um ovo de… um casal lésbico.
A lista é longa: Harry e Pepper, um casal de pinguins-de-Magalhães em São Francisco, nos EUA; Sphen e Magic, pinguins-gentoo da Austrália; Electra e Viola, na Espanha; Skipper e Ping, pinguins-rei no Zoo Berlin, Alemanha; Ronnie e Reggie, pinguins-de-Humboldt no Zoológico de Londres, Reino Unido; e vários outros.
Hoje, sabemos que a homossexualidade animal é mais comum em espécies sociais, e há várias teorias para explicar o porquê disso. Explicamos nesta reportagem aqui.