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Como tomar decisões? Use a experiência

Quer que as suas decisões terminem sempre em alegria. E imediatamente. Para isso, tenta repetir as escolhas bem-sucedidas que você fez no passado.

Por Alexandre de Santi
Atualizado em 15 jun 2018, 15h57 - Publicado em 15 nov 2011, 22h00

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Como tomar decisões

(Rafael Quick/Superinteressante)

Viver é aprender. Parece frase de livro de autoajuda, mas está aí uma verdade científica. Todas as experiências que acumulamos na vida são registradas e catalogadas por uma região do cérebro, o sistema de recompensas. Essa área se lembra de tudo o que nos deu prazer em algum momento da vida. E do que nos deu frustração. Esses dados ficam guardados porque podem ser extremamente úteis em certos momentos.

Como quando um atacante se vê diante do goleiro e precisa chutar no lugar certo para fazer o gol. É melhor buscar o canto, num toque rasteiro, ou encobrir o goleiro? Ele não tem muito tempo para calcular a velocidade da bola, estudar a posição do goleiro, analisar a distância do gol. Não pode agir racionalmente — será guiado pela experiência. Em todas as jogadas parecidas vividas pelo jogador, o sistema de recompensas anotou o nível de prazer e de frustração de cada chute. Nos que foram bem-sucedidos, neurônios liberaram dopamina, uma substância ligada ao prazer, e associaram as jogadas com alegria. Agora, diante de um quadro parecido, os neurônios já sabem o que fazer: disparar dopamina antes do chute. É um aviso para o resto do cérebro que indica o caminho a ser seguido. E o jogador terá a certeza de que uma das jogadas parece mais acertada do que as outras. Antes que ele possa refletir, sua perna já terá disparado o chute.

A MARCA DO VÍCIO

Jogo, cigarro, álcool e drogas também deixam um rastro no centro de recompensas. O prazer que tivemos alguma vez com vícios fica registrado e nos estimula a repeti-lo em outras ocasiões. Se você está tentando parar de fumar, vai ter de aguentar as altas doses de dopamina que são jogadas no cérebro toda vez que vir (ou lembrar de) um cigarro — uma carga que antecipa o bem-estar provocado pelas baforadas. E aí fica difícil resistir.

Não é que a gente lembre do que já fez no passado e decida racionalmente repetir nossos atos. Os neurônios que controlam as doses de dopamina acessam a nossa memória constantemente para orientar o cérebro sobre as alternativas. Você nem chega a lembrar de nada: tudo acontece rápido demais, só dá para sentir um bem-estar quando percebe que uma opção é melhor do que a outra.

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Em 1991, o britânico Michael Riley, operador de radar de um navio de guerra ancorado no Golfo Pérsico, viu um ponto verde na tela. Foi tomado por um pânico inexplicável. Riley era responsável por monitorar o espaço aéreo ao redor da frota dos aliados envolvidos na Guerra do Golfo. Via pontos verdes todos os dias no monitor: eles representavam a posição dos caças aliados a caminho do porta-aviões. Mas aquele sinal verde específico era diferente. O militar só não sabia explicar por quê. Incapaz de determinar se aquele ponto era amigo ou inimigo, Riley teve 40 segundos para decidir se disparava. Ele disparou?

Sim, disparou. E derrubou um míssil iraquiano que rumava para o porta-aviões. Tudo porque ele “sentiu” que precisava atirar. Na verdade, o cérebro do militar vinha registrando o comportamento daqueles pontos verdes que apareciam na tela todos os dias. No instante que viu o míssil, o cérebro de Riley comparou aquela experiência com outras do passado e percebeu que havia algo errado. Como voava baixo, o míssil foi detectado pelo radar num ponto mais avançado da tela. E apareceu 8 segundos depois dos pontos aliados. Se fosse um caça, teria surgido mais cedo.

Nos segundos de angústia que viveu, Riley não tinha como voltar a imagem e comparar com outros pontos surgidos no passado. Mas o sistema de recompensas fez o trabalho por ele — estranhou a ausência da sempre esperada dopamina naquela situação. E avisou o córtex cingulado anterior, uma região do cérebro responsável por alertar quando algo não vai bem. Foi assim que o medo tomou conta do corpo do operador de radar e ele percebeu que precisava agir. “Riley estava avaliando inconscientemente a altitude do ponto verde, ainda que não soubesse que estava fazendo isso”, escreve o jornalista Jonah Lehrer em O Momento Decisivo, livro em que relata o caso.

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A EXPERIÊNCIA NO COMANDO

O que é: O núcleo accumbens, no centro de recompensas, registra sensações ligadas à memória. E avisa quando vê uma situação que deu certo no passado.

Quando usar: Quando precisamos decidir imediatamente e temos a sensação de que uma opção é melhor do que a outra – como na hora de chutar para o gol.

Quando não usar: Em situações que podem definir seu futuro, já que a experiência está preocupada em te ajudar no presente.

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