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Corvos urbanos estão com colesterol alto… por comer fast food.

Eles estão mais "encorpadinhos" e com risco de viver menos que os corvos rurais.

Por Maria Clara Rossini
29 ago 2019, 18h48

Os humanos não são os únicos que precisam ficar de olho no que comem para controlar o colesterol. Um estudo feito pela Hamilton College, nos Estados Unidos, mediu os níveis de colesterol de corvos de áreas urbanas e rurais. Quanto mais urbanizado era o habitat do pássaro, maior o seu colesterol.

A equipe coletou amostras de sangue de 140 animais de diferentes regiões da Califórnia para fazer a análise. Além de medir o colesterol, os pesquisadores também verificaram a massa corporal, reserva de gordura e taxa de sobrevivência dos corvos. Junto com o colesterol alto, os animais da cidade tiveram taxas de sobrevivência menores quando comparado aos rurais. 

A principal hipótese é que a disparidade esteja no consumo… de fast-food. Os corvos das cidades frequentemente se alimentam dos restos de comida nas lixeiras ou deixados ao ar livre – isso sem contar os petiscos jogados pelos humanos. Por consequência dos nossos hábitos alimentares, é possível que os corvos também estejam sofrendo os estranhos efeitos que a comida ultraprocessada parece ter no metabolismo.

Para verificar a teoria, os pesquisadores fizeram um experimento usando cheeseburguers do McDonald’s, um dos fast-foods geralmente responsabilizados pelo aumento do colesterol em humanos. Os lanches foram deixados perto de ninhos de corvos na área rural de Nova Iorque e novas amostras de sangue foram coletadas.

Os pássaros alimentados com fast-food apresentaram níveis de colesterol mais altos do que os que mantiveram a dieta normal, mesmo que os dois grupos vivessem em no mesmo ambiente de natureza. O colesterol dos corvos rurais comedores de cheeseburguer se assemelhou muito mais aos dos corvos urbanos, mostrando uma possível correlação entre o consumo de junk food humana e o aumento do colesterol.

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Segundo Andrea Townsend, líder da pesquisa, os resultados condizem com pesquisas anteriores. Animais como raposas e pardais também apresentam níveis mais altos de colesterol quando vivem perto de humanos.

Apesar de os corvos urbanos terem uma taxa menor de sobrevivência, ainda é cedo para falar se a alimentação é a culpada. Até agora a equipe de pesquisadores não encontrou nenhum efeito negativo do colesterol mais alto nos pássaros — tirando o fato de que eles ficaram um pouco mais “encorpadinhos”.

Isso não significa que você possa sair jogando batata frita aos passarinhos. “Nós sabemos que o colesterol muito alto causa doenças em humanos, mas não conhecemos qual seria o limite em animais [de colesterol alto suficiente para causar danos]”, diz Townsend em entrevista ao NewScientist. Assim como nas pessoas, pode ser que os prejuízos nos animais não sejam vistos de cara – só apareçam depois de anos de batatas fritas acumuladas.

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