Espécie ameaçada de águias migrantes sofreu impacto da guerra na Ucrânia
As águias-gritadeiras tiveram que fazer menos paradas e mais desvios na sua migração para fugir do conflito; estudo acompanhou aves com GPS
A guerra na Ucrânia começou há mais de dois anos, mudando a vida das pessoas que moram no país invadido. Mas o perigo do conflito não afeta só os seres humanos. Um novo estudo revelou que as águias-gritadeiras, espécie ameaçada de extinção, teve sua migração impactada pela invasão russa.
Publicada na revista Current Biology, a pesquisa compara as trajetórias de migração das águias-gritadeiras antes e depois da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022. O grupo de pesquisadores da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, do Fundo Britânico para Ornitologia e da Universidade da Estônia de Ciências da Vida já estava monitorando a migração da espécie por causa de seu status ameaçado.
Aves migratórias sofrem perigo quando precisam passar por situações climáticas extremas, como secas, transformações geográficas que afetem pontos de parada tradicionais e a destruição de habitats essenciais durante o trajeto.
As águias, que já eram monitoradas com GPS, migram pela Ucrânia entre março e abril. O encontro com a guerra alterou rotas com grandes desvios, prolongou o tempo de migração e prejudicou o reabastecimento das aves no território ucraniano.
O encontro com artilharia pesada, tanques, jatos, milhares de soldados se deslocando pela região e civis desabrigados ou deslocados atrapalhou a migração tradicional das águias-gritadeiras, levando-as a evitar pontos de parada na Ucrânia, às vezes completamente.
Sem as paradas para reabastecimento e voando, em média, 85 quilômetros a mais, as águias-gritadeiras chegaram aos seus locais de reprodução mais tarde do que o normal. Além disso, o caminho mais extenso percorrido pode ter afetado as condições físicas das aves, que são essenciais para um processo de acasalamento bem-sucedido.
As consequências ecológicas do conflito não param por aqui, mas o estudo guiado pelo pesquisador Charlie Russell ajuda a mostrar como a guerra e a instabilidade política em locais de grande biodiversidade podem ser grandes inimigos do meio ambiente.
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