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Esquilos têm mania de organização na hora de estocar suas nozes

Eles são acumuladores, é verdade. Mas fazem o possível para que tudo seja uma "bagunça arrumada"

Por Guilherme Eler
13 set 2017, 18h20

O apreço dos esquilos pelas nozes é tão verdadeiro quanto sugere a saga Era do Gelo. Não seria por menos: focar nesse tipo de alimento pode ser uma estratégia eficaz para não passar fome quando a escassez aperta. Isso porque, devido ao seu extenso prazo de validade, as nozes podem ser estocadas em grandes quantidades por longos períodos – garantindo comida até as vacas gordas darem as caras de novo.

Os esquilos-raposa (Sciurus niger), que o digam. A espécie, muito comum na América do Norte, chega a coletar e armazenar até 10 mil unidades por ano. Para administrar um estoque tão grande, é essencial que eles adotem uma postura digna de almoxarife. Do jeitinho que você faz quando volta do supermercado, esses esquilos têm o hábito de separar minuciosamente suas nozes, considerando critérios como qualidade, quantidade e preferência.

Foi o que descobriu um estudo da Universidade da Califórnia. Segundo os pesquisadores, os esquilos obedecem à lógica do chunking, técnica humana de memorização que divide um objeto maior em grupos internos menores. É mais ou menos o que você faz quando precisa gravar na mente um telefone, separando o DDD e o juntando o restante dos números em dois grupos de quatro, por exemplo. Para os esquilos, obedecer esse princípio é essencial para que eles se lembrem o local exato dos melhores produtos e, ao mesmo tempo, escondam sua comida de potenciais oportunistas.

“Os esquilos parecem usar o ‘chunking’ da mesma forma que uma pessoa guarda seus mantimentos. Você, provavelmente, tem o hábito de colocar as frutas em uma prateleira e os vegetais em outra. Então, quando precisa de uma cebola, tem que olhar em apenas um lugar, ao invés de revirar a cozinha toda”, explicou Lucia Jacobs, co-autora do estudo, em um comunicado.

Durante dois anos, Jacobs e sua equipe analisaram 45 exemplares de S. niger nos arredores do campus da Universidade da Califórnia em Berkeley. A ideia era entender quais critérios os animais consideravam na hora de gerir suas preciosas nozes.

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Em um dos experimentos, os bichos foram alimentados com 16 nozes, uma após a outra. Eram dois cenários: enquanto alguns dos esquilos ganhavam a próxima noz no mesmo local que tinham escondido a anterior, outros recebiam a comida dos pesquisadores sempre em um mesmo lugar – para o qual precisavam retornar se quisessem se alimentar de novo.

Durante outro teste, parte dos esquilos ganhou as mesmas 16 nozes, desta vez, divididas em grupos de quatro. Primeiro as amêndoas, depois a noz-pecã, depois os avelãs, e por último as nozes comuns. O restante do grupo recebeu suas nozes em ordem aleatória.

Monitorando os grupos com o auxílio de GPS, os pesquisadores conseguiam acompanhar a localização inicial do esquilo e sua movimentação até o ponto onde escondiam as nozes. Assim, foi possível montar um mapa de distribuição das nozes por tipo e achar um padrão nos esconderijos dos roedores.

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Aqueles esquilos que recebiam suas nozes sempre no mesmo lugar dividiam seus esconderijos de acordo com o tipo de noz que carregavam. Por exemplo, sempre que ganhavam um avelã, iam até o bairro dos avelãs escondidos e depositavam por lá a nova unidade.

Ser alimentado cada hora em um lugar, no entanto, fez com que os esquilos ficassem menos fãs da organização. Nesse cenário, eles passaram apenas a evitar áreas em que sabiam que já haviam esconderijos, sem serem tão precisos em relação às variedades. Quando levar a noz correta até seu respectivo endereço demandava uma distância muito grande, eles deixavam a ideia para lá e achavam um novo buraco para seu prêmio. Ou seja: aquela história da lei do menor esforço, tão verdadeira para os humanos, não é coisa exclusivamente nossa – vale para os acumuladores de nozes também.

O estudo foi publicado no jornal Royal Society Open Science.

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