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Estresse faz tão mal ao organismo quanto comer fast-food

Estudo com ratos mostrou que passar nervoso pode comprometer o funcionamento da flora intestinal - no mesmo nível de uma alimentação muito gordurosa

Por Guilherme Eler
20 out 2017, 15h05

Ter um trabalho estressante deixa você mais propenso a virar um fã assíduo do combo hambúrguer + batatinha frita. Isso, você, leitor da SUPER, deve ter fresco na memória. O que um novo estudo norte-americano revelou é que, se a combinação desses dois fatores faz estrago, os efeitos isolados de cada um deles também não ficam muito atrás.

Testes em ratos indicaram que o estresse pode ser tão nocivo ao organismo quanto uma alimentação gordurosa além da conta. Esse efeito apareceu quando ratinhas fêmeas foram expostas a situações estressantes. Segundo a pesquisa, passar nervoso fazia as bactérias de sua flora intestinal mudar, comportando-se como as de ratos obesos.

No experimento, os cientistas induziram um grupo de roedores com 8 semanas de idade a uma dieta rica em gordura — no conjunto, havia machos e fêmeas. Após 16 semanas comendo mal, os ratos passaram a ser incomodados, para que desenvolvessem níveis baixos de estresse. Essa segunda etapa durou 18 dias.

Depois desse intensivão nada saudável, os cientistas analisaram as fezes dos ratos, para comparar com as medições feitas antes do experimento. Além disso, eles observaram também a ansiedade das cobaias, se baseando no quanto elas se locomoviam de um lado para o outro em um espaço aberto. Tudo isso para entender o quanto as bactérias do intestino dos ratinhos tinham sido alteradas, e o impacto da mudança em seu comportamento.

Os resultados mostraram diferenças drásticas entre os gêneros: enquanto os machos que se alimentavam mal se mostraram mais ansiosos que as fêmeas na mesma situação, eles acabaram se afetando menos pelos momentos estressantes. Para as fêmeas, no entanto, os efeitos do estresse foram bem mais severos. A reação da flora intestinal foi interessante: passou a se comportar como a dos ratinhos que tinham comido junk food de roedor durante 16 semanas.

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“Normalmente, costumamos imaginar que o estresse é um fenômeno muito psicológico, mas ele também causa diversas mudanças no aspecto físico”, disse Laura Bridgewater, uma das autoras da pesquisa, em comunicado

As bactérias presentes no intestino têm papel importante na regulação da digestão e no metabolismo. Caso elas não estejam desempenhando bem seu papel, podem comprometer nossa relação com a alimentação — fazendo surgir problemas como ganho de peso e perda de nutrientes essenciais dos alimentos.

De acordo com os pesquisadores, apesar de ser feito com animais, o estudo também pode trazer implicações a humanos. “Em nossa sociedade, as mulheres têm índices mais altos de depressão e ansiedade, que são causas associadas ao estresse”, explicou Bridgewater. “O estudo sugere uma possível discrepância de gênero no impacto das mudanças na flora intestinal decorrentes do estresse.”

O estudo foi publicado no Scientific Reports.

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