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Estudo em tanque de imersão explora impactos de viagens espaciais em mulheres

Agência Espacial Europeia pretende abordar lacuna de gênero na área de pesquisa a partir de experimento simulando microgravidade com 20 voluntárias

Por Luisa Costa
28 set 2021, 17h43

A microgravidade experimentada por astronautas pode impactá-los de várias maneiras. Os músculos e ligamentos têm menos trabalho, fluidos se deslocam em direção à cabeça, e a coluna vertebral, que nos mantém de pé, também experimenta situações diferentes na dança espacial. Os astronautas podem perder densidade muscular e óssea ou apresentar problemas de audição e visão. E esses são só alguns exemplos.

Cientistas realizam uma série de pesquisas para entender os possíveis impactos das viagens espaciais no corpo humano e encontrar maneiras de manter os astronautas saudáveis durante as missões ou quando retornam à Terra. Mas, por enquanto, a maioria dessas pesquisas estuda o corpo masculino.

Pensando em abordar essa lacuna de gênero, a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) está realizando um experimento com 20 voluntárias. Elas passarão alguns dias com o corpo suspenso em tanques de imersão a seco para simular o impacto da microgravidade em seus hormônios, músculos, esqueleto, sistema imunológico e cardiovascular.

“Quase não há conhecimento sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos nas mulheres nesta área de pesquisa”, afirma Angelique Van Ombergen, cientista que lidera o estudo, chamado Vivaldi. Segundo a ESA, esta é a segunda vez que um experimento do tipo acontece só com participantes mulheres – e é a primeira vez que acontece na Europa.

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Os experimentos começaram na terça-feira passada (21), com as duas primeiras voluntárias. Cada uma das 20 mulheres vai passar cinco dias em uma espécie de colchão d’água em uma clínica localizada em Toulouse, na França.

No experimento, elas são envolvidas em lençóis de algodão e em lonas impermeáveis, antes de serem suspensas em um tanque de imersão semelhante a uma banheira, ficando apenas com os braços e a cabeça de fora (como na imagem acima).

As voluntárias passam quase 24 horas por dia no tanque, e seus movimentos são limitados ao máximo. Todas suas atividades, de lazer ou higiene, obedecem a restrições: a transferência para o banho, por exemplo, é feita de modo que as mulheres permaneçam na posição horizontal para minimizar as mudanças de fluidos no corpo. 

Enquanto isso, os cientistas coletam amostras de sangue e urina todos os dias, além de observar de perto como o corpo se adapta ao ambiente.

Experimentando mudanças nos fluidos corporais, mobilidade e percepção do próprio corpo, as voluntárias vão fornecer dados aos cientistas para que entendam os impactos das viagens espaciais no corpo de astronautas mulheres – mas, segundo a ESA, os resultados da pesquisa também poderão ter implicações para pessoas com mobilidade reduzida aqui na Terra, por exemplo.

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