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Europa planeja lançar garra espacial para capturar lixo em órbita

Missão ClearSpace-1 deve realizar primeira manobra em 2025 e tem como alvo detrito de 112 quilos deixado no espaço em 2013.

Por Carolina Fioratti
2 dez 2020, 16h09

A era espacial teve início há 63 anos, quando os soviéticos colocaram o primeiro satélite artificial em órbita, o Sputnik-1. Foi apenas o começo de uma série de lançamentos que viriam a seguir. Mas o espaço acabou se tornando um verdadeiro lixão, repleto de satélites inativos e restos de foguetes, que podem colocar futuras missões em risco. 

Pensando em evitar problemas maiores, a Agência Espacial Europeia (ESA) fechou contrato com a startup suíça Clear Space para retirar os detritos espaciais. O plano da missão ClearSpace-1 é usar uma garra gigante para capturar grandes pedaços de entulho e levá-los até a atmosfera, onde seriam incinerados pelo atrito. A atividade não oferece risco ao planeta pois, durante o último processo, o lixo acaba se desintegrando antes de alcançar a Terra. A garra deverá contar com um sistema de imagem capaz de caracterizar de forma rápida e autônoma os objetos aos quais deve se conectar, o que parece ser o maior desafio no momento para os desenvolvedores.

O lançamento deve ocorrer em 2025 e a garra já tem seu primeiro alvo. Os pesquisadores pretendem começar capturando um adaptador de carga de 112 quilos, que foi usado para conectar um satélite da ESA ao foguete no qual ele foi enviado, em 2013. Esse objeto, que se encontra em órbita desde a missão, está entre 664 e 800 quilômetros de altitude, e foi considerado ideal para a primeira coleta por causa de sua estrutura simples.

Hoje, há mais de 20 mil detritos rastreáveis soltos pelo espaço. Todos apresentam riscos devido à rápida velocidade em que se movem, mas são os objetos maiores, como os satélites e restos de foguetes, que mais preocupam os pesquisadores. Esse lixo espacial pode colidir, gerando mais detritos que também podem bater em outros objetos, resultando em um efeito cascata.

Um exemplo disso foi observado em 2009, quando um satélite de comunicações em operação colidiu com um satélite militar russo inativo. A conta pelos milhares de fragmentos gerados chegou dois anos depois, quando a Estação Espacial Internacional (ISS) teve que se mover para desviar dos destroços da batida. 

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Mas o projeto financiado pela ESA pode ser insuficiente para limpar o espaço de maneira adequada. A coleta de pouco mais de 100 quilos de lixo espacial, na missão piloto, vai custar cerca de € 100 milhões. Seria economicamente inviável coletar objetos maiores como o satélite inativo Envisat, que possui o tamanho de um micro-ônibus e pesa oito toneladas.

Essa não é a primeira missão voltada para a retirada do lixo espacial. Em 2018, a missão RemoveDEBRIS, liderada pela Universidade de Surrey, na Inglaterra, tentou simular o recolhimento de detritos espaciais utilizando um arpão, uma rede e pequenos alvos, mas a manobra não foi bem sucedida. Em 2021, a empresa japonesa Astroscale pretende lançar a missão ELSA-d, que utiliza ímãs em sua tecnologia. Resta esperar para ver qual método será o mais efetivo (e viável) para a limpeza.

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