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Existem mais células na Terra do que estrelas no Universo, diz novo estudo

E do que grãos de areia também. A estimativa se baseia na fotossíntese e ciclo do carbono ao longo da história.

Por Maria Clara Rossini
19 out 2023, 15h47

Existem mais estrelas no Universo que grãos de areia na Terra. Você já deve ter ouvido essa afirmação em algum lugar (ou lido aqui na Super, mesmo). A frase é verdadeira: estima-se que existam 7,5 quintilhões (número de 18 zeros) grãos de areia por aqui. Já no Universo observável existem 10 sextilhões de estrelas (1 seguido de 22 zeros). Mil vezes mais.

O que poderia existir em quantidade maior ainda? Segundo pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, a quantidade de células existentes hoje é trilhões de vezes maior do que o número de grãos de areia. E milhões de vezes maior que estrelas.

Segundo o artigo publicado na Current Biology, existem um nonilhão de células (1 seguido de 30 zeros) atualmente. A maioria delas são cianobactérias: organismos unicelulares, procariontes e que realizam fotossíntese. Para o cálculo, os pesquisadores coletaram estimativas de microrganismos presentes na água e solo terrestres, além do número de células existentes em organismos maiores. 

Os autores ainda calcularam quantas células já existiram na história, desde o início da vida na Terra: um duodecilhão de células (1 seguido de 39 zeros). Essa estimativa foi feita com base na produtividade primária, processo no qual o dióxido de carbono (CO2) é convertido em compostos de carbono que fornecem energia para seres vivos, como açúcares e amidos.

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Esses compostos energéticos – que são produzidos por meio da fotossíntese – são consumidos por outros organismos, que se alimentam de plantas. Esses são comidos por organismos ainda maiores, que enfim morrem e se decompõem, completando o ciclo do carbono.

Em outras palavras, é possível partir da fotossíntese e dos níveis de carbono na atmosfera para estimar toda a cadeia de seres vivos – e, portanto, todas as células. Os pesquisadores usaram a literatura científica para estimar os tipos de organismos fotossintetizantes no passado e quanto açúcar eles produziram. Daí, calcularam quantas células seriam necessárias para sustentar essa produtividade.

As cianobactérias foram os primeiros organismos fotossintetizantes, evoluindo em algum momento entre 3,4 bilhões e 2,5 bilhões de anos atrás. Cerca de 800 milhões de anos atrás, sua produtividade foi ultrapassada pelas algas. E depois pelas plantas, há 450 milhões de anos atrás.

Somando tudo isso, sabemos que entre 1039 e 1040 células já existiram. Esse cálculo pode ajudar cientistas a prever como os seres vivos vão fazer uso do carbono no futuro. Segundo o estudo, os organismos fotossintetizantes já reciclaram todo o carbono da Terra cerca de cem vezes.

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Em entrevista à revista Science, o ecólogo Alessio Collalti, do Instituto de Agricultura e Sistemas Florestais no Mediterrâneo, disse que os números parecem realistas. Já Donald Canfield, geólogo da Universidade do Sul da Dinamarca, diz que as estimativas se tornam incertas quando olhamos muito para o passado. Nenhum deles esteve envolvido diretamente na pesquisa.

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Revolução das plantas: um novo modelo para o futuro

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