Flamingos fazem redemoinhos para caçar presas; veja vídeos
Dotadas de um sofisticado sistema de filtragem, essas aves utilizam pés, bico e cabeça para concentrar as presas.

A visão de um flamingo colocando o bico na água para se alimentar pode parecer bastante serena ou até mesmo “passiva”. Mas por trás desse movimento aparentemente simples há um sofisticado mecanismo utilizado por esses animais para capturar presas. A atividade foi documentada em detalhes por um artigo científico publicado na revista Pnas em março deste ano.
Os pesquisadores observaram que, para se alimentar, esses animais utilizam o bico, as pernas e a cabeça para criar redemoinhos na água, que concentram as presas numa região e facilitam a caçada. A estratégia tem início com os pés flexíveis das aves, que movem os sedimentos do chão embaixo da água e os jogam para cima. Quando os flamingos puxam a cabeça que está mergulhada na água, ocorre algo similar ao efeito do êmbolo de uma agulha, induzindo vórtices similares a redemoinhos na água.
Com o formato curvado dos bicos, as aves então conseguem direcionar as presas para dentro de suas bocas. A curva na ponta faz com que, uma vez com a cabeça mergulhada, a porção reta da estrutura fique paralela ao chão, o que facilita o uso de uma técnica chamada pelos pesquisadores de “raspagem”. Nela, os flamingos usam seu pescoço em formato de “S” para empurrar a cabeça para frente enquanto abrem e fecham o bico. O vórtice criado com esse movimento captura as presas.
Victor Ortega Jiménez, professor de biologia da Universidade da Califórnia Berkeley e um dos autores do estudo, compara os redemoinhos dos flamingos com as teias das aranhas. “Pense nas aranhas, que produzem teias para capturar insetos. Os flamingos usam vórtices para capturar animais, como o camarão-de-salmoura”, explicou em um comunicado.
Para executar o trabalho, os pesquisadores utilizaram modelos 3D e também fizeram experimentos com flamingos que se alimentaram de camarões e partículas microscópicas.
Essas aves contam com sofisticado sistema de filtração para os alimentos que retiram de águas lamacentas ou bastante alcalinas, ou seja, com um alto pH. Sua fonte de nutrientes são partículas microscópicas e crustáceos planctônicos.
Jiménez se interessou pelo tema depois de uma visita ao zoológico com sua esposa e sua filha. Ao filmar os flamingos, ele notou que havia movimentações na superfície quando os animais se alimentavam.
Os princípios usados pelos flamingos na captura dos alimentos podem, inclusive, ser analisados mais a fundo para que humanos consigam empregá-los na sucção de pequenas partículas, como tirar microplásticos da água.
Mas o trabalho de Jimenéz ainda não acabou. Ele ainda pretende investigar quais papéis as línguas dos flamingos, bem como a ponta de seus bicos desempenham ao filtrar o alimento e, por vezes, águas tóxicas.