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Formigas, caramujos e carpas: Conheça algumas das piores espécies invasoras do mundo

Espécies exóticas crescem de forma descontrolada, ameaçando a biodiversidade do planeta. Saiba como elas saíram de seu habitat natural.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 13 set 2023, 09h08 - Publicado em 13 set 2023, 09h04

O pombo que você vê aos montes pelas ruas não é um animal nativo brasileiro.  A espécie foi trazida pelos europeus ainda lá no século XVI, como (pasme) animal de estimação. Hoje, eles podem ser considerados pragas, mas estão longe de serem as piores espécies invasoras. 

Na semana passada, um grande estudo publicado pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), trouxe um alerta. Espécies invasoras ou exóticas estão se espalhando cada vez mais, em uma velocidade que não estamos conseguindo conter. Essas espécies nada mais são do que animais que foram levados e introduzidos (de forma intencional ou não) para um habitat diferente do seu natural.

O grande problema é que nem todas essas espécies são como os pombos. Sendo formado por uma complexa e intrincada rede, o equilíbrio do ecossistema é como um castelo de cartas. Uma carta fora do lugar é o suficiente para colocar tudo abaixo. De acordo com o relatório do IPBES, mais de 37.000 espécies exóticas foram introduzidas pelo ser humano em diferentes regiões ao redor do mundo.

Dessas, pelo menos 3.500 são prejudiciais para o ambiente, com um dano estimado em 400 bilhões de dólares por ano. Em um artigo publicado pela Nature, entre os anos de 1970 e 2017, o prejuízo estimado em danos e custos para a contenção dessas espécies chegou a 1,28 trilhão de dólares.

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Seja em terra ou no mar, essas espécies “alienígenas” estão espalhadas por todos os lugares e por todos os grupos de seres vivos. Confira cinco das espécies invasoras mais prejudiciais do mundo.

As formigas de fogo vermelhas 

Originárias da América do Sul, elas chegaram em Sicília, na Itália, e estão deixando as autoridades europeias em alerta. Suas colônias crescem rapidamente e, com uma picada venenosa, conseguem atacar presas e outras espécies com várias vezes o seu tamanho.

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Ainda não se sabe como elas chegaram lá, mas pesquisadores apontam que elas provavelmente vieram em navios de carga de lugares como EUA, China ou Taiwan. Com a globalização, as chances delas conseguirem viajar em gramados e plantas é bem maior. Atualmente, as formigas de fogo já são a quinta espécie invasora que geram mais custos ao mundo.

Jacintos de água

Também conhecidas como aguapés, a Pontederia crassipes cada vez mais sufoca o Lago Vitória, na África Oriental. Também originárias da América do Sul, essa planta aquática em certo momento já cobriu quase 90% do Lago Vitória. Com rápida disseminação, essa planta bloqueia a entrada de sol, afetando toda a vida aquática do local – além de se tornarem vetores para a criação de mosquitos. Ela é uma flor do tipo ornamental, e acredita-se que foram levadas pelos belgas na década de 1980.

Mas se engana quem pensa que elas são invasoras somente no continente Africano. Em um estudo realizado pelo Instituto Federal de Tecnologia da Suíça (ETH Zürich), pesquisadores mostraram que as invasões dessas espécies em represas aumentaram em todo o mundo ao longo das últimas décadas. É possível ver o impacto que essa planta teve em uma reserva na cidade de Puebla, no México. 

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Caramujo Gigante Africano

Por aqui, uma das espécies animais que mais causa problemas é esse molusco gigante, o Lissachatina fulica. Ele foi introduzido no Brasil nos anos 80, como uma alternativa barata para a produção do famoso prato francês escargot. O tiro saiu pela culatra. Não havendo um mercado consumidor desse tipo de alimento, os animais foram jogados fora, e se espalharam rapidamente. 

Os caramujos podem colocar até mais de 500 ovos por vez, e já podem ser encontrados em quase todos os estados do país. Sendo uma espécie bastante resistente, eles se alimentam de quase todo tipo de vegetal, se tornando um grave problema para a agricultura. Além disso, eles também são vetores de doenças, carregando o parasita da meningite Angiostrongylus cantonensis.

Carpa comum

Originário da Europa, o Cyprinus carpio é um dos animais exóticos mais introduzidos em outros habitats do mundo. Tendo sido cultivada há pelo menos 2.500 anos, essa espécie se tornou famosa pela pesca esportiva e por ser uma boa fonte para o consumo humano. 

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O grande problema é que, além de se reproduzirem rapidamente, sua técnica de alimentação pode causar danos para as outras espécies nativas, já que essa carpa geralmente se alimenta remexendo os sedimentos do solo das águas. 

Na Austrália, o problema é tão grave que o governo publicou um plano nacional para o combate da espécie. Introduzida no país há mais de 100 anos, a espécie se tornou dominante na região, trazendo grandes impactos para a fauna local. 

Cobra-arbórea-marrom

Essa aqui foi responsável por quase acabar com diversas espécies de uma ilha inteira. A Boiga irregularis, foi levada acidentalmente para a Ilha de Guam, no pacifico, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Sem a presença de predadores naturais, a cobra foi responsável por causar a extinção de várias espécies de aves e pequenos lagartos nativos da própria ilha. 

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Mas o problema não acaba por aí. Em uma pesquisa publicada pela Nature, pesquisadores verificaram que a falta das aves impactou diretamente no crescimento da floresta inteira. Sem elas, a população de algumas espécies de árvores foram impactadas diretamente – o que é um grande problema, já que elas compreendem cerca de 70% de todas as espécies de árvores da Ilha.

Informações sobre essas e outras espécies invasoras estão disponíveis na base de dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

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