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Gorilas têm relações de amizade complexas, assim como os seres humanos

Pesquisa mostra que as relações entre primatas vêm com vários prós e contras, e que a solução nem sempre é "quanto mais amigos, melhor".

Por Eduardo Lima
6 Maio 2025, 16h00

Cem homens contra um gorila numa disputa violenta? Não tem necessidade. Somos tão parecidos que a melhor solução para o problema que fascinou a internet é tentar fazer amizade com o primata. Um novo estudo mostrou que as relações entre esses macacos são complexas e cheias de prós e contras, assim como as nossas.

O estudo, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, foi realizado por pesquisadores das Universidades de Zurique e de Exeter e do Fundo Dian Fossey para Gorilas, organização que trabalha na proteção de gorilas e seus habitats. Os cientistas analisaram 20 anos de dados de saúde de 164 gorilas de Ruanda, e perceberam que os ônus e bônus de ter relações próximas com outros primatas variavam dependendo do tamanho dos grupos.

As relações também variavam de acordo com o sexo do animal. As fêmeas com mais amizades em grupos pequenos não ficavam muito doentes, mas geralmente tinham menos crias. Em grupos maiores, elas tendiam a ficar mais doentes e serem mais férteis. Já os machos mais amigáveis ficavam doentes com mais frequência, mas se machucavam menos em brigas.

A intenção dos pesquisadores é que essa análise das amizades primatas possa ajudar a entender como funcionam os relacionamentos entre outros animais, incluindo humanos.

 

Prós e contras da amizade

Nem sempre é fácil ter amigos. Ser próximo dos outros requer paciência, lealdade e muita disposição para perdoar vacilos e relevar pisadas na bola. Colocar o rolê acima de tudo pode ser mágico, mas às vezes traz problemas: se você passa a noite com seu amigo resfriado, no dia seguinte você provavelmente vai acordar espirrando.

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É isso que acontece com os gorilas machos, que ficam mais doentes à medida que são mais amigáveis. Talvez a imunidade deles também fique mais baixa por gastarem bastante energia com as fêmeas e os filhotes, que precisam de proteção. Ser um gorila popular não é só curtição.

Os grupos de gorilas no parque nacional Volcanoes, de Ruanda normalmente vivem em grupos de 12 animais, com só um macho dominante. Mas esse estilo de dominação é diverso: há gorilas mais autoritários e outros bem pacíficos, que raramente intervêm. Nenhum desses tipos de personalidade antagônicos é necessariamente melhor ou pior: todos podem dar certo para o grupo.

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Um exemplo disso é o gorila Titus, que virou líder de um grupo muito cedo, aos 15 anos, e conquistou as fêmeas que andavam com ele por sua calma e gentileza. Essa natureza tranquila ajudou a manter Titus por 20 anos na liderança.

No caso das fêmeas, um dos exemplos apresentados no estudo é o de Maggie, que era frequentemente agressiva, mas rápida em ajudar e fazer carinho quando necessário. Por ser muito amigável, ela assumia o papel normalmente relegado ao macho de proteção e até chegou a liderar seu grupo durante um período.

A ideia dos cientistas envolvidos na análise das amizades de gorilas é que essas informações podem ajudar a pensar na história evolutiva dos humanos e perguntar por que algumas pessoas são muito amigáveis, enquanto outras são mais antissociais? Pelo jeito, o melhor comportamento para adaptação evolutiva nem sempre é ser tão social quanto possível. Às vezes, um punhado de bons amigos já é mais que o suficiente.

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