Larva de 3 milímetros pula 30 vezes o próprio corpo
Se a Asphondylia sp. fosse do tamanho de um ser humano, daria pulos de 57 m de comprimento, saindo do chão a mais de 2 mil km/h. Até Ferrari come poeira.
O recorde olímpico de salto em distância é 8,95 m. O atleta, Mike Powell, tinha 1,88 m. Em outras palavras, ele pulou quase cinco vezes o comprimento de seu corpo.
Mas já pensou se ele conseguisse pular 56 metros – quase um quarteirão, ou a altura de um prédio de 15 andares – sem correr antes para pegar impulso? Bem, dadas as devidas proporções, é exatamente isso que as larvas do gênero Asphondylia fazem. Com um detalhe: elas não têm pernas. Biólogos da Universidade Duke revelaram que os animais de 3 mm são capazes de percorrer 9 cm no ar. O suficiente para saltar um iPhone com folga.
Veja no vídeo abaixo, filmado com uma câmera de alta velocidade de 20 mil frames por segundo.
O salto só é possível, é claro, porque a larva usa a física a seu favor – mais precisamente, algo chamado “pressão hidrostática”. Perceba, no vídeo acima, que durante a preparação para o salto, ela se enrola como um caracol, mordendo o próprio rabo. O movimento muda a distribuição do líquido no interior do corpo do inseto, gerando pressão. Quando ela solta, atinge uma velocidade inacreditável em um piscar de olhos – 1 m/s, equivalente a a 626 m/s (2200 km/h) caso ela tivesse a mesma altura do atleta Mike Powell (1,88 m). Grosso modo, é o mesmo princípio de acúmulo e liberação de energia de um arco e flecha.
Quando atinge a fase adulta, a Asphondylia sp. se torna um tipo de mosca, que não chega nem perto de dar saltos tão radicais quanto os de seus filhotes. Os biólogos responsáveis pela descoberta ainda não sabem bem porque as larvas desenvolveram essa habilidade. Afinal, nesse estágio de desenvolvimento, elas são mantidas pelos pais em pequenos “apartamentos”, cavados em estruturas vegetais chamadas galhas. Galhas são versão vegetal de um câncer, cuja formação é induzida pelos insetos justamente para criar um ambiente propício ao abrigo e alimentação de suas crias. Em outras palavras, elas são crianças superprotegidas, que não precisariam, em princípio, dominar uma técnica tão boa para fugir de predadores.