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Macacos de hoje podem ser mais inteligentes que os australopitecos

O fato de nossos ancestrais terem um cérebro maior talvez não signifique a que suas capacidades cognitivas eram melhores que a de símios modernos.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 28 nov 2019, 19h36 - Publicado em 28 nov 2019, 19h25

Não conta pra Lucy, mas uma nova pesquisa de cientistas australianos descobriu que os símios modernos podem ser mais inteligentes do que australopitecos, nossos ancestrais que viveram entre 4,2 milhões e 1,9 milhão de anos atrás.

O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, em parceria com o Instituto de Estudos Evolucionários da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, desafia a hipótese de que esses hominídeos seriam mais inteligente que grandes macacos de hoje por terem um cérebro maior que o deles.

Já existem diversas pesquisas que contestam essa relação direta entre tamanho do cérebro e capacidade cognitiva, e a ciência ainda não chegou a uma conclusão que abranja todas as espécies. Agora, a nova hipótese diz que, mais importante que o tamanho do cérebro, é o fluxo sanguíneo que chega até ele.

Isso porque grande parte do poder cognitivo do cérebro vem da quantidade de ligações entre os neurônios, as sinapses. Para você ter uma ideia, o cérebro humano usa 70% de sua energia na atividade sináptica, e essa quantidade de energia depende de um suprimento sanguíneo proporcionalmente alto para fornecer oxigênio – sem gasolina, afinal, o motor não funciona. Além disso, acredite, o cérebro é um motor que exige muita gasolina: embora ele ocupe apenas 2% do peso corporal, usa de 15 a 20% de toda a energia do corpo – e requer cerca de 15% do sangue do coração.

Por conta dessa nova teoria, ao invés de comparar altura, largura e peso dos cérebros, a pesquisa comparou o fluxo sanguíneo que vai para lá, com base no tamanho dos buracos no crânio pelos quais passam as artérias cerebrais. No estudo, eles usaram 96 crânios de grandes símios e 11 crânios fósseis de australopitecos.

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Após comparar os tamanhos dos buracos deles, de grandes símios e de humanos, o estudo revelou uma maior taxa de fluxo sanguíneo para cérebro de grandes macacos vivos em comparação com os australopitecos. Isso ocorre apesar dos hominídeos terem um volume cerebral aproximadamente igual ao dos gorilas e maior que as outras espécies de grandes símios.

“Com base nos resultados, estima-se que o fluxo sanguíneo para os hemisférios cerebrais de Koko [uma gorila cujo crânio foi medido no experimento] seja cerca do dobro do de Lucy. Como a taxa de fluxo sanguíneo pode ser uma melhor medida da capacidade de processamento de informações do que o tamanho do cérebro, Koko parece ter sido mais inteligente.”, disse Roger Seymour, autor principal do estudo, em um comunicado à imprensa. Ponto para os macacos.

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