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Maior iceberg do mundo está em rota de colisão com a Geórgia do Sul

Bloco de gelo gigantesco pode se ancorar à costa, atrapalhando a alimentação de pinguins e focas que habitam a região.

Por Carolina Fioratti
4 nov 2020, 16h43

Um enorme bloco de gelo pode estar prestes a se chocar com a Geórgia do Sul, ilha que faz parte do Território Britânico Ultramarino. O iceberg, conhecido como A68a, possui 150 km de comprimento e 48 km de largura. Caso ele siga sua rota atual, poderá se ancorar à costa, causando grandes prejuízos ao ecossistema e também à economia local. 

O iceberg se desprendeu da plataforma de gelo Larsen em julho de 2017, mas ficou praticamente imóvel por cerca de um ano. Logo que se soltou, o bloco possuía área de, aproximadamente, 6 mil km² e pesava quase um trilhão de toneladas. Seu nome inicial era A68, mas o iceberg recebeu a segunda vogal depois de perder alguns pedaços em sua viagem, que começou em 2018. No ano em questão, ele foi atingido por uma forte corrente oceânica, chamada Giro de Weddell, que o direcionou para o norte. 

Agora, segue em direção ao território ultramarino britânico, mas seu destino final é incerto. O A68a pode tanto ancorar na Geórgia do Sul, que se encontra atualmente a 500 km de distância do bloco, quanto desviar da ilha e seguir pelo oceano.

A primeira situação prejudicaria a economia e também o ecossistema local. O iceberg formaria uma grande barreira, dificultando a pesca na região. Além disso, afetaria o ecossistema marinho do lugar, já que a chegada do bloco esmagaria seres e microrganismos que vivem ali. Animais, como focas e pinguins, também enfrentariam grandes dificuldades para buscar alimento.

Geraint Tarling, pesquisador do British Antarctic Survey (BAS), explicou à BBC: “Quando você está falando sobre pinguins e focas durante esse período que é crucial para eles – o da criação de filhotes – a distância real que eles devem percorrer para encontrar comida (peixe e krill) realmente importa. Se eles precisarem fazer um grande desvio, significa que eles não vão voltar para seus filhos a tempo de evitar que eles morram de fome nesse intervalo.”

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Tarling explica que o ecossistema consegue e vai se adaptar a este inconveniente, mas alerta que é um perigo a longo prazo. De acordo com o pesquisador, se o bloco se prender na região, pode ficar ali por até dez anos. 

O A68a é relativamente fino, com apenas 200 metros de espessura. Logo, cientistas esperavam há tempos que o movimento agitado do oceano fragmentasse o bloco de gelo. Caso o iceberg sofra um desvio e não ancore na Geórgia do Sul, isso deve finalmente ocorrer. Ele entrará em águas mais quentes, o que fará com que se parta em pedacinhos. Como o gelo já estava vagando pelo oceano, sua quebra ou derretimento não deve alterar o nível do mar. 

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