Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Megalodon foi o maior predador já descoberto

Pesquisadores identificaram nitrogênio presente em fósseis de dentes desse tubarão gigante para localizá-lo no topo da cadeia alimentar.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 23 jun 2022, 18h38 - Publicado em 23 jun 2022, 18h36

Espécies de tubarões já existem desde muito antes dos dinossauros – há registros fósseis de mais de 400 milhões de anos. Entre esses ancestrais, um deles chama atenção pela fama de grande predador. Gigante, aliás – seu tamanho podia chegar a mais de 15 metros. Megalodon, o maior tubarão que já existiu, fez parte de um grupo conhecido e nomeado pelos grandes dentes. Eles evoluíram depois que os dinossauros foram extintos e dominaram os mares até 3 milhões de anos atrás. Quase agora, se você pensar nos 4,5 bilhões de anos da Terra. 

A equipe de pesquisadores da Universidade de Princeton descobriu evidências de que o Megalodon e alguns de seus ancestrais ocupavam o ponto mais alto da cadeia alimentar pré-histórica. Um nível trófico tão alto que supõe a caça a outros predadores e predadores-de-predadores.

Imagine a cadeia alimentar como uma torre. Na base temos os produtores – as plantas e algas – ocupando o primeiro nível trófico. O segundo nível é lugar dos animais herbívoros, que se alimentam das plantas. Depois, no terceiro nível trófico, estão os carnívoros que se alimentam dos herbívoros. A coisa continua até o topo da cadeia, ou seja, o nível trófico mais alto.

“Estamos acostumados a pensar nas maiores espécies – baleias azuis, tubarões-baleia, até elefantes – como filtradores ou herbívoros, não predadores”, disse Emma Kast, principal autora do estudo. “Mas o Megalodon e os outros tubarões megadentes eram carnívoros enormes que comiam outros predadores, e foram extintos há apenas alguns milhões de anos.”

Revelação está nos dentes

Para chegar às suas conclusões sobre a teia alimentar marinha primitiva, os cientistas mediram os isótopos de nitrogênio nos dentes dos tubarões. Sabe-se que quanto mais nitrogênio-15 um organismo possui, maior o nível trófico que ele ocupa. Algumas plantas, algas e outras espécies na base da cadeia alimentar são capazes de transformar o nitrogênio do ar ou da água em nitrogênio para seus tecidos. Os organismos que os comem incorporam esse nitrogênio em seus próprios corpos. Na excreção, seja pelas fezes ou urina, eles liberam o isótopo mais leve do nitrogênio, o N-14, e retém o N-15, mais pesado. Em outras palavras, quanto mais alto o nível na cadeia, mais N-15 é acumulado.

Continua após a publicidade

Tecidos moles, como músculos e pele, quase nunca são preservados. Tubarões são peixes cartilaginosos, e não têm ossos. Apesar disso, eles ainda podem deixar registros fósseis de outra forma. Os dentes são mais facilmente preservados do que os ossos, pois são envoltos em esmalte, um material que é praticamente imune à maioria das bactérias da decomposição.

“Os dentes são projetados para serem química e fisicamente resistentes de modo que possam sobreviver no ambiente quimicamente reativo da boca e quebrar alimentos que podem ter partes duras”, explicou Danny Sigman, participante do estudo. “Um dos tipos de fósseis mais abundantes são os dentes de tubarão. E dentro dos dentes há uma pequena quantidade de matéria orgânica que foi usada para construir o esmalte dos dentes – e agora está presa dentro desse esmalte”.

Como os dentes de tubarão são tão abundantes e tão bem preservados, as assinaturas de nitrogênio no esmalte fornecem uma maneira de medir o status na cadeia alimentar.

Continua após a publicidade

“Como uma cervejaria”

Mesmo o maior dente tem apenas um fino invólucro de esmalte, do qual o componente de nitrogênio é apenas um pequeno vestígio. Por causa disso, os pesquisadores desenvolveram uma técnica para extrair e medir essas proporções de isótopos de nitrogênio.

“Somos um pouco como uma cervejaria”, relata Sigman. “Cultivamos micróbios e os alimentamos com nossas amostras. Eles produzem óxido nitroso para nós, e então analisamos o óxido nitroso que eles produziram.”

A análise usa de um sistema de preparação de óxido nitroso automatizado e personalizado que extrai, purifica, concentra e entrega o gás a um aparelho que mede a concentração do isótopo pedido.

Continua após a publicidade

“Esta tem sido uma busca de várias décadas para desenvolver um método central de modo a medir essas pequenas quantidades de nitrogênio”, disse Sigman.

De microfósseis em sedimentos, eles passaram para outros tipos de fósseis, como corais, ossos de orelha de peixe e dentes de tubarão. “Em seguida, nós e nossos colaboradores estamos aplicando isso em dentes de mamíferos e dentes de dinossauros.”

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.