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Mudanças climáticas e desmatamento ameaçam 60% das espécies de café

Perda de diversidade genética coloca em risco o futuro do cultivo comercial dos grãos.

Por A. J. Oliveira
17 jan 2019, 15h13

Amantes de expresso, frequentadores de Starbucks e viciados afins, uni-vos, pois as notícias são péssimas: boa parte das espécies selvagens de café se encontram em uma posição delicada, ameaçadas tanto por secas mais frequentes e prolongadas quanto pelo avanço desenfreado do desmatamento e das pestes agrícolas.

É a preocupante conclusão de um estudo publicado nesta quarta-feira (16) no periódico Science Advances. Pesquisadores do Jardim Botânico Real de Kew, nos arredores de Londres, passaram duas décadas coletando informações sobre a situação de espécimes de café ao redor do mundo. Suas expedições incluíram visitas a florestas isoladas da África, de Madagáscar e das Ilhas Maurício. Descobriram que 60% de todas as espécies de café correm risco de extinção, principalmente as 124 variedades selvagens que foram avaliadas.

Essas plantas mais exóticas não são o carro-chefe da multibilionária indústria cafeeira, cuja atividade produtiva está centrada quase que inteiramente em duas espécies: o arábica (Coffea arabica) e o robusta (Coffea canephora). Enquanto o primeiro não se dá bem em lugares muito quentes, o segundo tem sensibilidade a solos secos. Mas como exatamente a extinção de espécies selvagens pode prejudicar o cultivo comercial de café? É que cada variedade perdida é como uma porta genética que se fecha.

“Algumas espécies apresentam traços que as permitem crescer em condições mais hostis e mais secas”, disse à revista Nature o pesquisador Aaron Davis, de Kew, co-autor do estudo. “Mas se você começa a perder espécies, você começa a perder opções.” Em um cenário no qual o clima muda depressa e se torna menos amigável às plantas, é sempre bom ter certos genes na manga. Traços como maior tolerância a secas e resistência a doenças poderiam ser incorporados nas espécies comerciais — se as parentes selvagens não forem extintas.

E por que não armazenar toda essa diversidade em grandes bancos de genes, como é feito com tantas outras plantas? Só por precaução… O problema é que, ao contrário de outras sementes, as de café são mais chatas de se preservar. Métodos convencionais como manter partes da colheita sob condições de baixa umidade e temperatura não funcionam com o café. Técnicas mais avançadas como o congelamento ou uso de compostos químicos são caras demais para serem aplicadas em espécies selvagens.

Por isso, nossa melhor aposta para poder continuar saboreando nosso cafezinho diário é a criação de áreas de preservação ambiental nos locais onde crescem populações selvagens de arábica e outras espécies. Além, é claro, de tomar medidas para frear o aquecimento global e as mudanças climáticas. “Se não fosse por essas plantas selvagens, nós não estaríamos tomando café”, aponta Davis. “E se pararmos de preservá-las agora, as próximas gerações talvez possam não curtir o café da maneira como fazemos hoje.”

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