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Mudanças climáticas podem aumentar as áreas de enxames de gafanhotos

Lugares que antes não eram habitat dos insetos vão ficar mais quentes úmidos – e os gafanhotos farão a festa nas plantações.

Por Leo Caparroz
21 fev 2024, 19h08

Quando a seca diminui a vegetação, os gafanhotos do deserto (uma espécie de gafanhoto migratório) formam um bando assombroso. Entre 4 e 8 bilhões de insetos começam a voar em busca de alimento numa das migrações mais populosas do mundo. Essa nuvem de gafanhotos pode percorrer até 145 quilômetros por dia, em uma área de 460 quilômetros quadrados.

Basta um pequeno enxame de 80 milhões de indivíduos para, em um único dia, destruir colheitas que alimentariam 35 mil pessoas. Por causa desse poder destrutivo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura chama esses insetos de “a praga migratória mais destrutiva do mundo”. 

Normalmente, eles habitam regiões da África, Oriente Médio e Sudoeste Asiático. Mas as mudança climáticas estão possibilitando que os enxames aconteçam em áreas novas, que antes eram inadequadas para os insetos.

Uma nova pesquisa, publicada no periódico Science Advances, estimou que o aumento das temperaturas permitirá aos gafanhotos aumentarem sua área de devastação em 25% nas próximas décadas. 

Entre 2065 e 2100, secas sazonais vão prover o clima quente e seco para os insetos sobreviverem. Somado às fortes chuvas ocasionais, devem proporcionar as condições ideais para o desenvolvimento dos seus ovos: um solo quente e úmido. Assim, eles podem expandir sua atuação para novas regiões no sul e centro-oeste da Ásia. Segundo os pesquisadores, a segurança alimentar e as plantações de milhões de pessoas na Índia, no Afeganistão, no Turcomenistão e no Irã estarão ameaçadas. 

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A equipe de pesquisadores levou em conta vários eventos climáticos que podem afetar o movimento dos enxames: chuvas, temperatura, vento e umidade do solo, por exemplo. Eles também fizeram modelos matemáticos de como o aquecimento global afetaria os padrões climáticos nos próximos anos.

Cruzando as previsões de clima com as condições de propagação dos gafanhotos, eles descobriram uma alta probabilidade de que novos “pontos críticos” de enxames apareçam ao redor do mundo, em áreas anteriormente não afetadas –  como no Paquistão e na Argélia, ou na Índia e Marrocos.

E essa perda de colheita não influenciaria apenas produtores rurais e agricultores pequenos. Como alguns destes países são exportadores de grãos, ela tem potencial para atrapalhar redes alimentares globais. Além disso, esses lugares já sofrem com condições climáticas extremas, como secas, inundações e ondas de calor. Colocar tempestades de gafanhotos no meio é piorar ainda mais a situação.

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