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Novo fóssil revela o único dinossauro aquático conhecido

O Spinosaurus aegyptiacus tinha uma cauda adaptada para viver na água, segundo um novo estudo, o que faz dele o primeiro e único dino aquático encontrado.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 9 jan 2023, 21h54 - Publicado em 6 Maio 2020, 17h11

Nas últimas décadas, cientistas vêm discutindo a possibilidade de alguma espécie de dinossauro viver em ambientes aquáticos. Alguns grupos, como os hadrossauros e os saurópodes (aqueles do pescoção), já foram candidatos a ocupar essa posição, mas essas ideias foram descartadas com o tempo. Nas últimas décadas, pareceu ser consenso de que esses monstros pré-históricos viviam exclusivamente em terra firme. Agora, porém, um novo fóssil encontrado traz a primeira prova concreta da existência de um dinossauro aquático: o espinossauro.

O fóssil foi encontrado em Marrocos por pesquisadores da Universidade Hassan II em Casablanca e inclui, pela primeira vez na história, pedaços significativos da cauda de um Spinosaurus aegyptiacus – um feroz predador que podia chegar a até 15m de comprimento (maior que um Tyrannosaurus rex). E os ossos encontrados indicam que a cauda do bicho era adaptada para se locomover em ambientes aquáticos – a primeira grande evidência de um dinossauro vivendo em rios.

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Representação atualizada do espinossauro, com a cauda adaptada para movimentação em ambientes aquáticos. (University of Portsmouth/Superinteressante)

O espinossauro é conhecido há bastante tempo e até é famoso no imaginário popular por conta de seus “espinhos” nas costas, que nada mais são do que vértebras alongadas no formato de “vela náutica”. O dinossauro chegou a aparecer no filme Jurassic Park III, de 2001, onde batalha contra um T. Rex (mas atenção: é meramente ficção; as espécies não coexistiram espacialmente e temporalmente). 

Apesar disso, ele é relativamente misterioso para a ciência: seu único fóssil mais completo, encontrado no Egito, foi destruído quando o museu onde estava, na Alemanha, foi bombardeado em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Desde então, apenas alguns pedaços e indícios de espinossaurídeos foram encontrados pelo mundo, formando um quebra-cabeça de difícil compreensão para os cientistas. Alguns avanços foram feitos, porém: no início, o dinossauro era representado como bípede, mas evidências recentes mostram que ele provavelmente era quadrúpede. Agora, sabemos também que ele era aquático.

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A ideia de relacionar o espinossauro com a água não é exatamente nova. Algumas de suas características, como o corpo alongado, uma mandíbula que lembra a de crocodilos e patas em formato de pé indicavam que o bicho, no mínimo, dava um mergulho de vez em quando. Além disso, seu crânio e seus dentes indicavam que ele se alimentava de peixes – e, em um caso específico, escamas de peixe de fato foram encontradas dentro da caixa torácica de um espinossauro. Mas, em geral, acreditava-se que ele fosse uma espécie de “dinossauro pescador”, que passava a maior do tempo na terra e entrava em águas rasas apenas para caçar.

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Até então, o espinossauro era representado como bípede e com uma cauda fina, características desatualizadas. (Kostyantyn Ivanyshen/Stocktrek Images/Superinteressante)

Foi só em 2014 que uma equipe de pesquisadores propôs que os espinossauros deveriam ter um estilo de vida semiaquático. A ideia, porém, foi recebida com muita desconfiança dentro da comunidade científica e acabou sendo deixada de lado – muito por falta de evidências.

O novo fóssil, porém, apresenta provas bem fortes de que a cauda do animal não era fina e longa como representada na maior parte das ilustrações, mas sim achatada e flexível, adaptada para propulsão em ambientes aquáticos. O estudo descrevendo o fóssil foi publicado na revista Nature. Após a escavação, os pesquisadores também usaram modelos computacionais para simular como a cauda se comportaria em ambientes aquáticos, comparando-a com a cauda de outros dinossauros terrestres e de répteis aquáticos, como a de crocodilos. Os resultados mostraram que sim, aqueles ossos encontrados de fato eram adaptados para a natação.

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Os restos mortais foram encontrados no meio do Deserto do Saara, um dos locais mais secos do planeta. Pode parecer confuso, mas, há milhões de anos, a região era repleta de rios, por onde o Spinosaurus aegyptiacus provavelmente nadava e se alimentava de peixes e outras criaturas fluviais.

Vale também outro adendo: na época dos dinossauros, havia outros grandes répteis aquáticos habitando os mares, como os ictiossauros, plesiossauros e mosassauros (aquele monstrão aquático de Jurassic World com tamanho exagerado). Apesar do nome confundir leigos, esses animais não eram dinossauros, e sim parte de outros grandes répteis da época. Neste caso, o Spinosaurus aegyptiacus é mesmo o único dino aquático que parecemos conhecer até então.

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