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O clima pode fazer as pessoas falarem mais alto ou mais baixo

Bom, mais ou menos. Na verdade, a temperatura do ambiente pode influenciar no volume de cada idioma - a sua sonoridade.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 26 dez 2023, 18h01 - Publicado em 26 dez 2023, 17h59

Você provavelmente já ouviu falar que o “italiano fala alto”. Claro que não podemos generalizar, mas essa é provavelmente uma das características mais notáveis dos falantes desse idioma latino. Uma pesquisa recente agora pode ter revelado por que não só o italiano, como outros idiomas parecem “mais altos” do que outros. 

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Nankai, na China, e da Universidade de Kiel, na Alemanha,  descobriu que essa variação entre o volume das palavras pode estar relacionado ao ambiente do falante do idioma. Publicada na revista PNAS Nexus, a pesquisa mostrou que as línguas originadas em climas quentes tendem a ser mais “altas” do que as que se desenvolveram em lugares frios.

Apesar de estar em constante fluxo, acredita-se que existam hoje aproximadamente 7 mil línguas faladas no mundo hoje, e estima-se que exista pelo menos umas 300 ainda não catalogadas. Isso sem falar dos dialetos (variações regionais de um idioma, falado por um número pequeno de pessoas).

Todos eles possuem características únicas, que foram e continuam sendo desenvolvidas ao longo do tempo. Cada um vai apresentar sons, tons, timbres e padrões vocais e gramaticais diferentes uns dos outros. Uma dessas diferenças foi utilizada pelos pesquisadores para conduzir a pesquisa: é a chamada sonoridade.

A sonoridade pode ser definida como o volume e a ressonância de uma palavra. Palavras com muitas vogais, por exemplo, tendem a ocupar mais espaço na boca, e possuem um som um pouco maior. Quer ver? A palavra “paz” é muito mais fechada do que a palavra “abacate”. Experimente pronunciá-las agora prestando atenção na sonoridade.

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Levando isso em consideração, os pesquisadores analisaram cerca de 346 mil palavras, de aproximadamente 5 mil idiomas e dialetos, calculando a sonoridade média das palavras de cada uma dessas línguas. Depois, para ver se existia alguma relação entre a sonoridade e a temperatura, eles verificaram os registros de temperatura global da Nasa.

Apesar da brincadeira com o idioma italiano no começo, a pesquisa não mostra que os falantes do idioma costumam falar mais alto do que outros, mas sim que as palavras de certos idiomas ressoam mais alto do que de outros. 

Os pesquisadores ainda não sabem o por que disso acontecer exatamente, mas possuem duas teorias vigentes para tentar explicar.

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A primeira diz que em temperaturas mais frias, o clima costuma ser mais seco, o que dificultaria a vibração das cordas vocais. Dessa forma, a língua se tornou mais silenciosa simplesmente pelo conforto da pronúncia num clima gelado (e convenhamos, ninguém gosta de ficar abrindo muito a boca com um clima de 0ºC).

Já a outra teoria está relacionada com locais mais quentes. Segundo ela, como nesses locais o ar tende a absorver e amortecer sons com frequências mais altas, as línguas se desenvolveram com sons mais altos e ressonantes, de forma a sofrerem menos distorções pelo ar.

Porém, além de não existir um consenso para nenhum dos dois casos, a pesquisa também possui algumas limitações. Por exemplo, os pesquisadores utilizaram somente 40 palavras por idioma. 

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Ainda são necessários mais estudos sobre essa correlação entre temperatura e idioma. Os pesquisadores consideram analisar diferenças como a de temperatura e umidade, além da altitude, na qual o ar também pode influenciar na produção e percepção sonora.

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