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O El Niño chegou ao fim. O que acontece agora?

O fenômeno catalisou o ano mais quente da história. O próximo passo, ao que tudo indica, é um período de Niña, mais frio. Entenda o que esperar.

Por Eduardo Lima
14 jun 2024, 19h00

2023 foi o ano mais quente já registrado. O Observatório Europeu da Seca, chamado Copernicus, informou que o planeta como um todo atingiu as temperaturas mais altas dos últimos cem mil anos. E o Brasil não foi exceção: segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, este o ano mais quente desde que começamos a medir, em 1961, com uma temperatura média de 24,92 °C.

Esse pico foi, em partes, crédito do El Niño. Este fenômeno climático de nome curioso é marcado por temperaturas mais altas em várias partes do globo e distorções variadas no regime de chuvas (em alguns lugares, cai um bocado de água, em outros, ocorrem secas). O Menino volta em intervalos de três a sete anos, e tende a durar um ano e meio.

O fenômeno é natural, mas quando se junta ao caos nem-um-pouco-natural das mudanças climáticas, ele ajuda a causar os recordes de calor que sentimos na pele em 2023. Aqui no Brasil, ele causa calor e seca no Norte e no Nordeste e chuvas fortes no Sul, onde ficam estacionadas as frentes frias que deveriam se espalhar pelo resto do país.

Agora, depois de algumas ondas de calor homéricas e uma tragédia de escala inédita no Rio Grande do Sul, chegamos ao fim do El Niño. E outra criança vai passar a aparecer na previsão do tempo: deem boas-vindas à Niña. 

O que é La Niña?

La Niña também é um fenômeno natural e, como o nome sugere, é praticamente o oposto do El Niño. As águas do Pacífico tropical ficam até 0,5 °C mais frias do que o normal, e para os brasileiros isso significa mais chuvas e enchentes no Nordeste e temperaturas mais baixas no Sul e no Sudeste.

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Você pode entender melhor, nesta matéria, como uma mudança sutil no regime de ventos alísios sobre o Pacífico – os ventos que correm no sentido leste-oeste ao longo da linha do Equador – é responsável por mexer nesse grande interruptor climático e decidir entre os estados Niña e Niño. 

Previsões iniciais do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para a Niña apontam uma chance de 70% do evento acontecer, com possíveis chuvas fortes na região Norte e nos estados de Minas Gerais e Bahia. O Pacífico, vale dizer, também tem um estado neutro, que não configura nem Menino, nem Menina. 

Em caso de Menina, o Centro-Sul vai sofrer com tempo seco e chuvas irregulares, que podem impactar a produção agrícola do país. Ela também cria condições mais favoráveis à entrada de frentes frias no Brasil. Isso gera um equilíbrio maior entre frio e calor, com um inverno mais rigoroso que o de 2023. 

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Mesmo assim, o inverno de 2024 não está isento de novas ondas de calor e temperaturas acima da média, segundo meteorologistas da Climatempo. É que a culpa não é só do Niño: nossas emissões de carbono nos condenam.

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