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O gelo dos polos da Lua pode ter vindo de antigos vulcões

Atividades vulcânicas de mais de 2 bilhões de anos podem ter liberado vapor de água – e criado atmosferas temporárias por lá. Entenda.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 9 ago 2022, 13h22 - Publicado em 24 Maio 2022, 20h33

A existência de gelo na superfície da Lua foi confirmada em 2009. Desde então, cientistas dedicam esforços para averiguar como a água chegou até lá. As hipóteses incluíam asteroides, cometas e até átomos trazidos por ventos solares. Agora, há mais uma possível origem.

Agora, um grupo de pesquisadores propõe uma nova hipótese para essa origem: a de que erupções vulcânicas na Lua podem ter criado atmosferas de vida curta – e que continham vapor de água. O vapor, por sua vez, espalharia-se pela superfície e se fixaria nos polos (onde a temperatura pode chegar a – 253°C), já na forma sólida.

Durante o período de maior atividade vulcânica na Lua, as erupções ocorriam a cada 22 mil anos. Presumindo que o vapor de água representava um terço dos gases expelidos, os cientistas estimam a liberação de mais de 20 quatrilhões de quilos de H2O – volume equivalente a 800 milhões de piscinas olímpicas.

Na Terra, gases provenientes de erupções vulcânicas são jogados na atmosfera. Na Lua, a história é outra: pela sua baixa massa, o satélite não tem gravidade suficiente para manter uma atmosfera duradoura como a nossa. Segundo os pesquisadores, cada erupção por lá gerava uma atmosfera nova, que permanecia durante 2.500 anos e depois sumia.

Por meio de simulações de computador, a equipe descobriu que 40% das moléculas de água expelidas se mantiveram na superfície dos polos da Lua (o restante se perdeu no espaço ou foi quebrado pela energia solar). Segundo os pesquisadores, os depósitos de gelo podem atingir centenas de metros nos pontos mais espessos.

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Gráfico mostrando a espessura do gelo nos pólos lunares.
Possível distribuição atual do gelo lunar após resultados da simulação. O polo sul (esquerda) é duas vezes mais frio que o polo norte (direita). As linhas tracejadas representam latitude e longitude. (Wilcoski, Hayne, Landis/Planetary Science Journal/Montagem sobre reprodução)

Para comprovar a hipótese, é preciso coletar amostras do gelo lunar que contenham determinados traços que se relacionam com as atividades vulcânicas (a presença de enxofre, elemento normal em erupções, por exemplo). Missões futuras que planejam perfurar e estudar essas fontes podem confirmar a procedência do gelo.

Identificar a composição da água da Lua é essencial, pois existe a possibilidade de se explorá-la. Essas reservas podem, um dia, servir para uso em combustíveis de foguetes ou até para consumo de astronautas durante missões espaciais.

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