Pesquisadores descobrem remanescente de supernova excepcionalmente redondo
Chamada de Teleios, que é a palavra grega antiga para “perfeito”, a explosão dessa estrela de alta massa também chamou atenção por sua baixa luminosidade.

Estrela de massa excepcionalmente grande, dezenas de vezes maiores que o nosso Sol, morrem em explosões gigantes conhecidas como supernovas, que podem ofuscar o brilho de toda uma galáxia. No processo, elas deixam para trás remanescentes feitos de poeira e gás, que podem ganhar diferentes formatos conforme os obstáculos no ambiente circundante.
Recentemente, um grupo de pesquisadores fez uma descoberta “incomum” a respeito de um remanescente de supernova (SNR) – o adjetivo é do primeiro autor do estudo, Miroslav Filipovic, da Universidade Oeste de Sydney.
Ele e sua equipe verificaram que esse SNR tem uma circularidade excepcional, quase perfeita. Com o nome oficial de G305.4–2.2, a estrutura recebeu o apelido de Teleios, palavra grega que significa “perfeito”.
Há outros SNRs que também apresentam certa esfericidade, como o recém-descoberto SNR J0624–6948, mas nenhum deles é roliço de forma tão pronunciada quanto Teleios.
Essa não é a única informação que diferencia esse remanescente dos demais. Ele também tem uma das superfícies menos brilhantes já verificadas em um SNR, além de ser exótico em outros parâmetros menos compreensíveis para o público não especialista.
Teleios foi identificado pelo radiotelescópio Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ASKAP), e sua descoberta é parte de um levantamento chamado Mapa Evolucionário do Universo. Os pesquisadores calculam que Teleios esteja ou a 7.175 ou a 25.100 anos-luz de distância de nós. No primeiro caso, a bola teria 45,6 anos-luz de diâmetro. Caso a segunda hipótese esteja certa, porém, ela teria 156,5 anos-luz. Ainda não há dados suficientes para desempatar entre as duas opções.
Segundo Filipovic, o que pode explicar a surpreendente circularidade do SNR é o tipo de explosão. Conhecidas como “tipo la”, cataclismas como Teleios tendem a ser um pouco mais esféricos que os de outros tipos, e também mais raros. As explosões Ia acontecem quando um tipo de cadáver estelar chamado anã branca rouba gradualmente o material de uma estrela vizinha, “engordando” até estourar.
As evidências, porém, não apontam de forma inequívoca para o tipo Ia. “Muitos outros fatores estão questionando essa ideia”, diz Filipovic. A equipe avalia também que o remanescente pode ter vindo de uma explosão do tipo Iax, o que a tornaria menor e menos energética.
“Todos os cenários examinados têm seus desafios, e nenhum tipo de origem definitiva para supernova pode ser estabelecido neste estágio”, conclui o artigo, que está disponível como pré-print (ou seja, ainda não passou por edição e revisão de especialistas da mesma área, nem saiu em um periódico especializado) no servidor ArXiv.
As análises dos cientistas indicam que Teleios está em um estágio conhecido como Sedov – que é a segunda fase da evolução dessas explosões, e a mais simétrica de todas. Nessa etapa, que pode durar dezenas de milhares de anos, o material do SNR começa a desacelerar e a esfriar lentamente.