Por que formigas canibais são aceitas em algumas colônias?
O ditado "ruim com ela, pior sem ela" é a melhor definição para o caso
Imagine a situação: uma formiga invade a casa de formigas de outra espécie e devora tanto a comida como as larvas delas. E as hospedeiras ainda se curvam diante da parasita. Deu a louca no formigueiro? Pois é exatamente o que acontece na relação entre as Megalomyrmex symmetochus (parasitas) e as Sericomyrmex amabilis (hospedeiras). Pesquisadores finalmente descobriram o porquê dessa situação aparentemente masoquista.
Segundo um estudo da Universidade de Ohio, nos EUA – publicado na revista Animal Behaviour –, essa relação é uma troca útil para os dois lados: as invasoras têm um veneno poderoso contra outras espécies ainda mais ameaçadora para as oprimidas. “É um cenário em que o inimigo do seu inimigo é seu amigo”, disse Rachelle Adams, bióloga que chefiou o estudo.
No início da pesquisa, Adams e seus colegas supunham algumas explicações baseadas em comportamentos naturais: poderia ser que as parasitas tivessem cheiro parecido com o das hospedeiras, passando despercebidas; ou mesmo que elas fossem intrusas que não emitem odores. Mas nenhuma das hipóteses estava correta: na realidade, as formigas parasitas só ganham livre acesso porque protegem o formigueiro em caso de invasão de uma terceira espécie. No vídeo a seguir podemos observar melhor que acontece:
“Quando confrontada com uma formiga parasita, a Sericomyrmex amabilis, a princípio, atacará o intruso, mas então, em vez de morder, ela se afastará e baixará a cabeça, em resposta submissa”, explica Rachelle.
A comida roubada pelas parasitas é abundante na colônia – mais do que as hospedeiras precisam – e elas não matam a rainha, então, lidar com essa praga é mais seguro e vantajoso do que não tê-la por perto.