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Por que pica-paus não sofrem concussões? Estudo sugere uma hipótese

Pesquisadores analisaram a biomecânica desses animais – e propõem que talvez o cérebro deles seja pequeno demais para sofrer danos

Por Leo Caparroz
Atualizado em 24 jul 2022, 19h16 - Publicado em 24 jul 2022, 19h16

Os animais que chamamos popularmente de pica-paus são membros da família Picidae, que contém cerca de 240 espécies. Eles se alimentam principalmente de larvas encontradas dentro de troncos de árvores e, para chegar ao seu alimento, precisam perfurar a madeira. Depois de bicar muito e abrir um buraco, ele usa sua fina língua para pegar a recompensa.

O bico faz parte do crânio dessas aves. Depois de aplicar tanta força para bicar, como eles não desenvolvem danos cerebrais?

Um estudo sobre a biomecânica dos pica-paus apresentou uma hipótese interessante: talvez seus cérebros podem ser pequenos demais para sofrerem danos.

Só de ouvir o som característico do trabalho de um pica-pau é possível imaginar a força do impacto. Eles podem bater seus bicos 20 vezes por segundos, e chegar a 12 mil bicadas por dia. Algumas espécies experimentam forças de até 1400 G – para ter uma ideia, um impacto de 90 a 100 G já é suficiente para causar uma concussão em um humano.

Pesquisas anteriores apontaram algumas modificações corporais que poderiam ajudar a diminuir o impacto no tecido cerebral do pica-pau, como ossos esponjosos que absorvem choques e músculos no pescoço. Apesar desses recursos parecerem projetados para absorver um golpe, é difícil provar que eles de fato reduzem a força do impacto.

Neste estudo, usando mais de cem vídeos de alta velocidade de seis pica-paus de três espécies, a equipe mediu cuidadosamente a desaceleração dos olhos dos animais quando seus bicos encontraram a madeira.

O globo ocular é uma referência bastante adequada para os miolos do animal, e possibilitou aos pesquisadores calcular a física de um crânio em desaceleração.

Eles descobriram que toda a cabeça se move como uma só, com pouca variação no pico de desaceleração entre o olho e o bico. Elas funcionam basicamente como martelos rígidos e sólidos.

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Modelos biomecânicos construídos com dados obtidos a partir da análise dos vídeos apenas verificaram que não havia muita absorção de choque entre a ponta do bico e o conteúdo do crânio.

Isso torna o trabalho das aves mais eficiente. Os pesquisadores explicam que, se o bico absorvesse grande parte de seu próprio impacto, o pássaro teria que bater ainda mais forte.

Embora os pica-paus possam sofrer os efeitos de uma vida inteira batendo cabeça, as simulações realizadas pela equipe sobre a pressão intracraniana do crânio do pica-pau sugerem que os constantes baques em cérebros tão pequenos não são suficientes para qualquer coisa séria. “A ausência de absorção de choque não significa que seus cérebros estejam em perigo durante os impactos aparentemente violentos”, afirma Van Wassenbergh, um dos autores do estudo.

As descobertas também ajudam a explicar o motivo da evolução ter mantido os pica-paus com cerca de meio metro de comprimento. Por mais que um pássaro robusto e grande pudesse furar buracos maiores e com mais facilidade, cérebros maiores e mais pesados não aguentariam a pressão.

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