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Produção de combustíveis fósseis excederá 120% do limite seguro

ONU comparou planos de extração de petróleo, gás e carvão com as metas de redução no Acordo de Paris — e revelou um abismo entre expectativa e realidade.

Por A.J. Oliveira
21 nov 2019, 19h18

Apesar dos frequentes (e intensos) efeitos das mudanças climáticas, a humanidade segue investindo na principal causa dessa ameaça para a vida no planeta: a exploração dos combustíveis fósseis. A queima deles em usinas, fábricas e carros é responsável por 90% das emissões de dióxido de carbono – e sua produção segue crescendo em ritmo alarmante.

É o que mostra um relatório inédito feito pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente, o UNEP, em parceria com cinco centros de pesquisa, publicado nesta quarta (20). Segundo o estudo, em 2030, a humanidade estará produzindo 120% mais combustíveis fósseis do que deveria.

O relatório mostra uma grande discrepância entre expectativa e realidade – o que os especialistas chamam de “lacuna de produção”. Vamos por partes. A expectativa são as metas de redução de emissões que cada país submeteu por meio do Acordo de Paris, em 2015, com o objetivo de impedir que o aquecimento global ultrapasse 2ºC acima dos níveis pré-industriais – e, se possível, manter o aumento em 1,5ºC.

Esses são os níveis considerados seguros pela comunidade científica para evitar grandes catástrofes. Mas mesmo dentro desses limites, centenas de milhões de pessoas vão sofrer graves consequências.

Expectativa x realidade

Eventos climáticos extremos como ondas de calor, secas, inundações, trarão impactos indesejados na economia e sociedade. De acordo com o IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, as emissões de CO2 geradas pela queima de combustíveis fósseis teriam de ser reduzidas em 6% ao ano para seguirmos pelo caminho seguro no rumo dos 2ºC. Em vez disso, o consumo e a produção só aumentam.

Eis a realidade. para se manter na faixa dos 1,5ºC, e 50% a mais que o necessário para não passar da marca dos 2ºC. Vale frisar que, mesmo com as metas de redução do Acordo de Paris, a temperatura da Terra deve subir entre 3 e 4ºC, segundo a própria ONU. Será preciso fazer mais – e melhor.

Muito se discute sobre como reduzir as emissões de CO2 — e isso se reflete nos planos nacionais de mitigação do tratado e nas diversas legislações. Mas a grande maioria sequer menciona o outro lado da moeda: a produção. E há um motivo para isso. Mesmo os países mais comprometidos em atenuar a ameaça da crise climática ainda continuam oferecendo subsídios, incentivos e financiamento a projetos de infraestrutura para combustíveis fósseis.

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Mas, por que não cortar isso de uma vez? Acontece que quando as estruturas bilionárias de exploração estão prontas, simplesmente abandoná-las se torna bem mais complicado e economicamente desvantajoso. Quem ostenta a maior lacuna de produção é o carvão. Em 2030, os países vão produzir 280% mais que o limite para ficar nos 1,5ºC, e 150% mais do que o teto para 2ºC. Sua extração deve crescer 17%; a de petróleo, 10%; a de gás, 5%.

Para reverter essas projeções preocupantes, a única saída é parar de vez de investir. “Mesmo com mais de duas décadas de adoção de políticas climáticas, os níveis de produção de combustíveis fósseis estão mais altos que nunca”, disse em comunicado Måns Nilsson, diretor do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), que colaborou com o estudo. 

“Esse relatório mostra que o apoio contínuo dos governos à extração de carvão, petróleo e gás é uma parte grande do problema.” Foram analisados planos climáticos de oito grandes produtores: Austrália, Canadá, Rússia, EUA, China, Índia, Indonésia e Noruega, que juntos somam 60% da produção mundial de combustíveis fósseis. 

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