Qual o fenômeno por trás das ondas gigantes de Nazaré?
As ondas da vilinha portuguesa atraem surfistas todo inverno. Entenda como elas ficam tão grandes.
Em 2024, o surfista Sebastian Steudtner entrou para a história ao pegar carona na maior onda já surfada no mundo. A gigante media 28,57 metros e foi surfada na vilinha de Nazaré, em Portugal. É como surfar um prédio de sete andares. O recorde anterior é de 2020, do mesmo surfista e do mesmo local, com uma onda de 26 metros.
A vila portuguesa de 10.300 habitantes é famosa no mundo do surf. Pegar uma onda em Nazaré é um dos maiores e mais assustadores desafios do esporte. Não é para qualquer um: as ondas chegam facilmente aos 20 metros de altura, e a queda delas pode resultar em minutos submerso antes de que um salva-vidas encontre o surfista.
Por que as ondas são tão grandes?
A orla de Nazaré está localizada em um local peculiar. Perto da costa e sob as águas se localiza o maior cânion submarino da Europa. São apenas 500 m da areia da praia até o início do desfiladeiro.
O Canhão de Nazaré é uma fratura tectônica que se estende desde o mar profundo do Atlântico até a beira da costa. O cânion tem uma extensão de cerca de 211 km, com profundidades que variam de 50 m até 5000 metros (em comparação com o Grand Canyon, nos EUA, o abismo submarino deixa o americano no chinelo).
Esse vale submarino funciona como um túnel de vento, só que para a água. As ondas geradas por tempestades em alto-mar viajam por essa “estrada” em altíssima velocidade e chegam à costa com força total, sem perder energia.
Quando essas ondas encontram a parte rasa do fundo do mar – como a das regiões costeiras – elas começam a desacelerar e a ganhar altura. Mas o detalhe está na forma abrupta com que o cânion termina: ele faz com que ondas vindas de profundidades, direções e velocidades diferentes se encontrem e se somem em um fenômeno conhecido como interferência construtiva. Resultado? As ondas se somam e uma elevação comum pode dobrar ou até triplicar de tamanho.
Além da geografia submarina, outros fatores colaboram para esse espetáculo. Um deles é a orientação da costa de Nazaré, voltada diretamente para o noroeste, de onde costumam vir as maiores tempestades do Atlântico Norte. Outro é a ausência de barreiras naturais, como ilhas e recifes, que poderiam quebrar as ondas antes de elas chegarem à costa.
E por fim, existe a sorte da meteorologia: as maiores ondas costumam aparecer no inverno, entre outubro e março, quando tempestades se formam no meio do Atlântico e enviam energia diretamente para Portugal – uma espécie de “corredor de ondas” em direção ao cânion.
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