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Ralos que sugam até a luz

Estranhas personagens do Universo dão as caras para os astrônomos.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 31 jul 1999, 22h00

Parece estapafúrdio, mas acontece. Certos corpos celestes não resistem ao seu próprio campo gravitacional e desmoronam sobre si mesmos. Aí, a força da gravidade aumenta tanto que nem a luz escapa se passar perto. Essas coisas estranhas, descobertas há cerca de trinta anos, geralmente ocorrem na última etapa da evolução de estrelas gigantescas. Além delas, o espaço está repleto de outras excentricidades, como quasares e pulsares. Tudo conhecimento deste século.

Em 1971, um satélite que detectava raios X vindos do espaço percebeu algo diferente na Constelação do Cisne. Era uma interferência no sinal emitido pela estrela Cygnus X-1, que só poderia ser de algum corpo muito denso. Como ninguém conseguiu ver o que estava ao lado da estrela, os astrônomos concluíram que deveria ser um buraco negro. A expressão havia sido criada dois anos antes pelo físico John Wheeler, hoje com 88 anos, com base em pesquisas bem mais antigas. A existência desses astros já tinha sido prevista teoricamente em 1916, pelo astrônomo alemão Karl Schwarzchild (1873-1916). Aproveitando as idéias da Relatividade Geral de Einstein, publicada um ano antes, Schwarzchild explicou o que aconteceria em corpos onde a gravidade fosse incrivelmente alta.

Nem todos acreditaram na descoberta de 1971, mas de lá para cá outros indícios de buracos negros foram detectados por cientistas do mundo inteiro. Já não há dúvida de que perto desses ralos cósmicos qualquer onda eletromagnética sofre desvios de rota e pode ser sugada. Para onde, ninguém sabe ainda.

Em 1963, o astrônomo americano Maarten Schmidt notou um sinal curioso vindo do espaço. Uma luminosidade que vinha de muito, mas muito longe mesmo, verdadeira relíquia do início do Universo, que tinha levado bilhões de anos para chegar aqui. Esse corpo tinha um comportamento parecido com o de uma estrela, mas deveria ter mais massa.

O “objeto quase estelar” foi chamado de quasar. Depois apareceram outros. Eles constituem o centro de galáxias distantes e, portanto, antigas.

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Tique-taque espacial

Quer acertar o relógio? Ouça o tique-taque dos pulsares. Em 1967, a astrônoma inglesa Jocelyn Bell-Burnell descobriu corpos que emitiam ondas de rádio a intervalos regulares. A pesquisadora chegou a acreditar que alguma civilização extraterrestre estava fazendo contato, mas o alarme era falso. Os sinais vinham de estrelas de nêutrons que giram depressa. As piscadelas também podem soltar raios de luz ou até mesmo raios X, e os pulsos acontecem a intervalos de 0,03 a 4 segundos.

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Mais de 300 pulsares já foram identificados. Só em nossa galáxia.

Garimpando planetas

O primeiro planeta fora do Sistema Solar só foi localizado em 1995 pelos astrônomos suíços Machel Mayor e Didier Queluz, na Constelação de Pégaso. No ano seguinte, os americanos Geoffrey Marcy e Paul Butler acharam mais dois, em outras regiões do espaço. Outros vieram depois. Em geral, eles não são nada favoráveis à presença de seres vivos – ou são quentes demais, ou frios demais. Uma possível exceção é o planeta gigante que gira ao redor da estrela 47 da Ursa Maior, achado em 1996. Sua órbita equivale à distância entre a Terra e o Sol. Um bom sinal.

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