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Robô que auxilia em “super microcirurgias” passa em teste com humanos

Sistema pode ajudar médicos em procedimentos que precisam de um controle muito fino dos movimentos. Entenda.

Por Guilherme Eler
12 fev 2020, 17h33

Imagine que você é um cirurgião escalado para reconstruir os nervos da perna de um paciente acidentado. É um procedimento extremamente delicado, que requer movimentos super precisos. Um erro mínimo pode causar o corte das pequenas veias que você tenta reconectar. E agora?

É para essas e outras situações em que a precisão dos médicos precisa ser, literalmente, cirúrgica que robôs podem ser úteis. Hoje, já existem ferramentas que dão mais estabilidade em tarefas meticulosas do tipo. O robô Da Vinci, por exemplo, tem um conjunto de pinças que é capaz de operar com precisão de 1 milímetro. Ele suaviza os movimentos das mãos do cirurgião, tornando as incisões muito mais certeiras – e também anulando eventuais tremores.

Mas pesquisadores vêm desenvolvendo equipamentos ainda mais sensíveis, para serem usados em intervenções que envolvem veias com frações de milímetro. É o que se conhece como “super microcirurgias”, procedimentos minuciosos que exigem muita destreza e paciência por parte do cirurgião. Equipamentos tão precisos, que aumentem o controle para a casa dos décimos ou centésimos de milímetro, ainda não estão à venda. Mas isso deve mudar nos próximos anos.

É o que indica um estudo feito por cientistas de universidades holandesas e publicado na revista Nature Communications. Eles concluíram com sucesso o primeiro teste de uma super microcirurgia robótica em humanos.

Participaram do experimento 20 mulheres com linfedema, condição associada ao câncer de mama que provoca uma obstrução do sistema linfático, causando inchaço nos membros. Basicamente, o que os cirurgiões tinham de fazer era conectar vasos linfáticos intactos a veias próximas, contornando as áreas obstruídas, que causam o inchaço. Assim os linfócitos – células responsáveis por combater infecções que correm pelos vasos linfáticos – poderiam voltar a circular pela região, aliviando os sintomas. É como se você puxasse um cano auxiliar para evitar o trecho de um encanamento que está entupido e não deixa a água passar. Só que tudo, claro, em escala milimétrica.

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Metade das mulheres foram operadas do jeito convencional, e o restante, por médicos auxiliados com o sistema robótico MUSA. Produzido pela empresa holandesa Microsure, ele conta com pedais e uma espécie de joystick, que controlam um conjunto de pinças. O equipamento reduz os movimentos, o que os torna muito mais precisos: quando o médico move as pinças robóticas em 1 centímetro, o bisturi se mexe apenas um décimo de milímetro. Isso permite operar veias com diâmetro entre 0,3 e 0,8 milímetro.

Segundo os pesquisadores, algumas das pacientes que foram operadas com o MUSA apresentaram recuperação mais rápida. Mas isso não quer dizer que a técnica seja a resposta definitiva para microcirurgias. Ainda que tenham diminuído seu tempo com a prática, médicos que usavam o novo sistema concluíram o procedimento em 115 minutos. Doutores sem ajuda robótica, por outro lado, o fizeram em 81 minutos. E tem o preço. Hospitais deverão desembolsar alguns milhões de dólares se quiserem contar com uma ferramenta auxiliar do tipo.

Apesar disso, o estudo publicado na Nature indica que o sistema é eficaz e seguro. A ideia, agora, é repetir o feito em outros centros médicos pelo mundo para, no futuro, tornar a tecnologia mais acessível. 

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