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Sonda indiana entra na órbita da Lua e se prepara para pousar

A missão de baixo custo Chandrayaan-2 tirou sua primeira foto e está a poucos dias de realizar um pouso suave no polo sul do satélite natural.

Por A. J. Oliveira
23 ago 2019, 18h30

É difícil acreditar, mas se dispusesse do mesmo orçamento gasto para produzir Vingadores: Ultimato, a agência espacial indiana (ISRO) teria sido capaz de bancar não só uma como duas missões lunares. E ainda sobraria uma bela grana – US$ 72 milhões. Sendo um pouco mais específico, o custo da missão Chandrayaan-2, lançada em 22 de julho, foi de US$ 142 milhões. Já o filme da Marvel, que estreou em abril, custou US$ 356 milhões.

Isso só reforça algo que todo mundo já sabia: os indianos viraram verdadeiros mestres na arte de montar missões espaciais low cost. Só que isso exige algumas gambiarras, é claro. Por exemplo, uma viagem bem mais demorada. Sabe quando uma família mão de vaca faz uma rota muito mais longa só para fugir dos pedágios, ou então quando um viajante muquirana paga um voo barato com uma dúzia de escalas e conexões? É total a Chandrayaan-2.

Depois do lançamento, a sonda demorou quase um mês até entrar na órbita lunar, na última segunda (19). A Apollo 11 levou? Três dias. É que, para economizar, a Índia optou por usar um foguetinho bem pequeno para lançar seu calhambeque espacial. Mas não pense que ele é uma lata velha. Longe disso: a missão inclusive acaba de nos enviar sua primeira foto da superfície lunar, capturada na última quarta (21). Veja abaixo: 

Site_SondaIndiana2
(Indian Space Research Organisation (ISRO)/Reprodução)

O clique foi feito a partir de uma distância de 2,6 mil quilômetros e mostra partes do lado escuro da Lua, além das crateras Apolo e Mare Orientalis. Foi um gostinho de toda a ciência valiosa que a Chandrayaan-2 promete entregar. Em alguns dias, um módulo se desprenderá da sonda transportando três partes: a orbitadora, a pousadora e o rover. O esperado pouso suave deve ocorrer em breve, no dia 6 de setembro, no polo sul lunar.

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É uma região ainda não explorada in loco, mas que apresenta um potencial enorme. A precursora Chandrayaan-1, que consistia só de um satélite orbital, operou por quase um ano, entre 2008 e 2009. Um de seus instrumentos detectou grandes quantidades de água congelada em crateras que ficam eternamente na sombra justamente no polo sul. Intrigada, a ISRO resolveu construir outra missão, desta vez para pousar e investigar de perto.

Se tudo correr bem com o pouso, o calhambeque lunar da Índia vai alcançar uma façanha notável: fará do país asiático a quarta nação a pousar na Lua. Até hoje, só União Soviética, Estados Unidos e China conquistaram o feito. A aventura indiana não vai durar muito — tanto a pousadora quanto o rover devem operar por um dia lunar. Serão só 29 dias e meio de missão, mas pode apostar que o material vai render por muito mais tempo.

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