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T-Rex era tão inteligente quanto um crocodilo, sugerem cientistas

As novas descobertas contrapõem a ideia anterior de que o dino possuiria habilidades cognitivas similares às de um primata. Entenda.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 6 Maio 2024, 11h07 - Publicado em 4 Maio 2024, 18h00

Em uma nova pesquisa, paleontólogos revelaram que o bracinho curto do T-Rex não era a única coisa que o impediria de abrir portas. Apesar de um estudo do ano passado indicar que o Tiranossauro Rex era tão inteligente quanto um babuíno, um novo artigo indica que seu intelecto na verdade estava mais próximo ao de um crocodilo moderno.

Um artigo publicado em janeiro do ano passado por uma pesquisadora da Universidade Vanderbilt propunha que o mais famoso dos dinossauros era extremamente inteligente, com aproximadamente três bilhões de neurônios. O estudo comparava a inteligência do T-Rex com a de um babuíno, com a capacidade de utilizar ferramentas e resolver problemas.

O estudo mais recente, feito por uma equipe internacional de pesquisadores e publicado na The Anatomical Record, vai na contramão. A diferença entre uma pesquisa e outra é que a nova esclarece que, embora até faça uma certa diferença, uma maior quantidade de neurônios não indica necessariamente que uma espécie é mais inteligente que outra.

Em outras palavras: um caminhão de neurônios não basta para ter inteligência.

“A possibilidade de que o T. rex possa ter sido tão inteligente quanto um babuíno é fascinante e aterrorizante, com o potencial de reinventar nossa visão do passado”, conta ao EurekAlert! Darren Naish, co-autor do novo artigo e paleozoologista da Universidade de Southampton, na Inglaterra. “Mas nosso estudo mostra como todos os dados que temos são contra essa ideia. Eles eram mais como crocodilos gigantes inteligentes – mas isso é igualmente fascinante.” 

Como o tecido cerebral é algo que não fossiliza, os pesquisadores do estudo examinaram a forma e o tamanho da cavidade cerebral em crânios de dinossauros para assim poderem deduzir como de fato eram os seus cérebros.

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O estudo recente considera o caminho evolutivo do grupo do T-Rex para inferir qual seria de fato a sua inteligência. Répteis pré-históricos como o T-Rex, o Velociraptor e outros carnívoros, por exemplo, faziam parte de um grupo de dinossauros chamado terópodes. 

Algumas descobertas recentes já mostraram que provavelmente, todos os animais deste grupo possuíam penas. E sim, as aves atuais também fazem parte desse grupo, sendo descendentes diretos dos dinossauros.

Mas antes de se tornar uma ave, o T-Rex era um grande réptil, e por isso, era mais provável que seu cérebro fosse similar ao de um réptil, e não ao de uma ave moderna. Répteis, como os crocodilos, possuem uma estrutura anatômica cerebral um pouco diferente dos das aves. 

Além da densidade de neurônios mais baixa do que os cérebros das aves ou mamíferos, o cérebro dos répteis também apresenta uma baixa quantidade de tecido cerebral. Uma parte significativa do espaço é ocupada por líquido cerebrospinal. Nos crocodilos, por exemplo, o tecido cerebral ocupa cerca de 30% a 50% da cavidade cerebral.

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Era provável que o tiranossauro até tivesse uma grande quantidade de neurônios, mas, se seu cérebro for similar ao dos répteis atuais, possuía um bom espaço vazio. Mas, para os pesquisadores do novo estudo, o grande lance está mesmo na relação entre inteligência e quantidade de neurônios.

Apesar de parecer fazer sentido, uma coisa não tem necessariamente a ver com a outra. Girafas, por exemplo, possuem dois bilhões de neurônios, mas a Pega-rabuda (Pica pica), uma prima dos corvos que vive na Ásia e Europa, possui 400 milhões, e é considerada um dos animais mais inteligentes do planeta.

Essas aves são capazes de trabalhar em equipe, usar ferramentas, brincar e são um dos poucos animais capazes de passar no teste de auto-reconhecimento do espelho. As girafas, mesmo com quatro vezes mais neurônios, não conseguem fazer nada disso.

“A contagem de neurônios realmente é comparável à capacidade de armazenamento e memória ativa do seu laptop, mas a cognição e o comportamento são mais parecidos com o sistema operacional”, disse em entrevista ao Los Angeles Times Thomas R. Holtz Jr, co-autor do estudo e paleontólogo de vertebrados da Universidade de Maryland, College Park. “E nem todos os cérebros animais estão rodando o mesmo software.”

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Os neurônios apresentam ainda outra questão interessante. A sua quantidade tende a aumentar conforme o tamanho do corpo, de forma que animais maiores necessitam de mais neurônios para realizarem as atividades biológicas básicas do corpo. 

Ou seja, o T-Rex até poderia ter uma quantidade de neurônios similar a de um babuíno, mas isso não o tornaria tão inteligente quanto. Enquanto espécies de babuínos como o Papio ursinus podem chegar aos 45kg, um T-Rex adulto podia pesar até 8 toneladas. 

Mas isso não quer dizer que o T-Rex era uma porta.

Kai Caspar, biólogo da Universidade Heinrich Heine de Düsseldorf e um dos autores do novo estudo, reforça que, apesar de não ser nenhum gênio entre os dinossauros, o T-Rex era sim um animal relativamente esperto. 

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“O que precisa ser enfatizado é que os répteis certamente não são tão estúpidos quanto se acredita comumente. Então, embora não haja motivo para supor que o T. Rex tinha hábitos semelhantes aos dos primatas, certamente era um animal com comportamentos sofisticados.”

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