Tempestades intensas podem se tornar até 14 vezes mais frequentes na Europa
Pesquisadores indicam que as recentes enchentes catastróficas podem se tornar muito mais comuns até 2100 por conta das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.
Ao longo das últimas semanas, enchentes causadas por tempestades intensas atingiram áreas da Alemanha, da Bélgica e da Holanda, deixando um rastro de destruição e matando mais de 160 pessoas. Infelizmente, alguns cientistas preveem que esse tipo de evento pode se tornar muito mais comum no futuro.
Um novo estudo da Universidade de Newcastle, publicado na revista Geophysical Research Letters, indicou que as tempestades intensas poderão se tornar 14 vezes mais frequentes no continente europeu até o final do século por conta do aquecimento global.
Os pesquisadores utilizaram modelos de computador de alta resolução do Met Office (serviço nacional de meteorologia do Reino Unido) para investigar como as mudanças climáticas podem impactar as tempestades na Europa.
Eles já sabiam que as tempestades intensas podem se tornar mais frequentes devido ao aquecimento global, porque a atmosfera mais quente retém mais umidade. Mas agora verificaram que – num cenário em que as emissões de carbono continuam aumentando –, as tempestades intensas podem se deslocar mais devagar pelo continente.
Segundo os cientistas, a principal razão para isso é uma diferença de temperatura menor entre os pólos e os trópicos da Terra – causada pelo rápido aquecimento do Ártico, por exemplo –, o que enfraquece alguns ventos na época das chuvas.
Com um movimento mais lento da tempestade, há maior potencial de acúmulo de chuva em um determinado local, o que tende a aumentar o risco de inundações como as que aconteceram recentemente.
Os pesquisadores escrevem que tempestades intensas quase estacionárias são incomuns na Europa e raramente acontecem em partes do Mar Mediterrâneo, mas no futuro deverão ocorrer em todo o continente.
“Isso nos dá uma ideia muito útil de como o clima pode mudar se as pessoas não mudarem realmente em termos de emissões [de carbono] ou comportamento”, afirmou Abdullah Kahraman, que liderou a pesquisa, ao jornal The Guardian.