Você pode dar o nome para uma quase-lua da Terra. Saiba como
Entenda o que são esses corpos celestes, e participe do concurso internacional para batizar um deles.
Satélites naturais são corpos celestes menores que orbitam um objeto maior no espaço, cortesia da atração gravitacional dos grandões. Luas são os satélites naturais dos planetas, por exemplo.
Até aí, nada de novo. Mas o que são as quase-luas, também chamadas de quase-satélites? São objetos astronômicos, como asteroides, que parecem orbitar um planeta, da mesma forma que uma lua. Vamos explicar.
Não são apenas planetas que orbitam o Sol. Asteroides e cometas também fazem isso. Suas trajetórias costumam ser mais elípticas, com trechos mais próximos e mais distantes da estrela.
Quando estão mais perto do Sol, esses corpos viajam mais rápido. Quando estão longe, desaceleram e vão mais devagar. Conforme se aproximam novamente da estrela, a gravidade os faz ganhar velocidade. E o ciclo se repete.
É aí que algo curioso pode acontecer. Alguns desses corpos podem ter uma órbita bem parecida com a de um planeta e viajar junto com ele ao redor de uma estrela. E, graças a esse processo de aceleração e desaceleração que ele sofre, pode parecer que o corpo está orbitando o próprio planeta.
O gif abaixo ilustra esse fenômeno:
“É muito parecido com o movimento de uma lua, mas é uma ilusão, porque o asteroide não está realmente orbitando o planeta”, explica o astrônomo Phil Plait em um artigo na revista Scientific American. “Em vez disso, está se movendo ao redor do sol. O movimento do asteroide está alinhado com o do planeta, de modo que a rocha espacial parece circundá-lo.”
Eis um quase-satélite, e a Terra possui sete deles (que se tem notícia). É o caso do asteroide 3753 Cruithne, que leva 364 dias para dar uma volta no Sol. As órbitas das quase-luas, diga-se, tendem a se modificar com o tempo, devido à influência gravitacional dos planetas do Sistema Solar pelos quais elas passam perto.
Ainda há muito o que aprender sobre as quase-luas. No ano passado, por exemplo, descobriu-se que o asteroide 2023 FW13E é um vizinho terrestre desde 100 a.C., e deve ficar conosco até o ano 3700. Outro quase-satélite, o Kamo’oalewa, também é objeto de estudo dos cientistas – suspeita-se que ele seja um fragmento da nossa Lua.
Outra quase-lua é a 164207, um asteroide de 160 metros de diâmetro que ficará como quase-satélite da Terra até 2600. É ele quem você poderá ajudar a batizar.
Como participar do concurso?
Organizado pela União Astronômica Internacional em parceria com a Radiolab, um programa de rádio dos EUA, o concurso para escolher um nome para o asteroide está no ar desde junho e aceitará sugestões até 30 de setembro. Neste link, você acessa o formulário (em inglês) para participar.
Podem enviar ideias pessoas maiores de 18 anos que cumpram algumas regras. Os nomes precisam ter no máximo 16 caracteres, e devem estar relacionados a alguma divindade mitológica, de qualquer cultura (existem algumas exceções para não entrar em conflitos com nomenclaturas já existentes; confira quais).
As sugestões também devem vir acompanhadas de uma justificativa, que pode ajudar a dar mais força ao nome que você escolher. A comissão do concurso elegerá dez finalistas, que serão colocados para votação popular. O vencedor será anunciado em janeiro de 2025.
Ideia veio da quase-lua de Vênus
Junto com Mercúrio, Vênus é um dos únicos planetas do Sistema Solar que não possui luas. Foi por isso que o jornalista Latif Nasser, um dos apresentadores do Radiolab, estranhou um corpo celeste chamado “Zoozve” próximo a Vênus em um pôster na parede do quarto de seu filho.
Nasser, então, entrou em contato com a Nasa para entender o que era Zoozve. Foi aí que ele percebeu que o pôster mostrava o asteroide 2002VE, uma quase-lua de Vênus. “Zoozve” havia sido um erro ortográfico do ilustrador do cartaz.
O jornalista achou toda essa história muito engraçada e fez um pedido oficial para a União Astronômica Internacional para que o asteroide fosse batizado de “Zoozve” – e a entidade aceitou. O caso viralizou nas redes sociais, virou assunto no Radiolab e, hoje, está até em uma página sobre Vênus da Nasa.
O caso Zoozve inspirou o consurso da quase-lua terrestre. “Nós já recebemos mais de 500 sugestões, mas adoraríamos receber mais de todas as partes do mundo”, escreveu Nasser na newsletter Now I Know. O jornalista, aliás, também já apresentou um programa sobre ciência na Netflix, o ótimo Era dos Dados. Vale o play.