YouTube pode ajudar a prevenir mordidas de cachorro
É o que afirmam cientistas ingleses, que usaram vídeos do site para estudar as mordidas - e identificar os sinais que os cães dão antes de atacar
Quando estamos em dúvida sobre como fazer algo, nossa primeira ação é procurar no YouTube. O popular site de vídeos ensina praticamente tudo o que você quiser aprender — desde cozinhar um kitkat gigante até montar um cubo mágico. E ele também pode ser útil para a ciência: pesquisadores da Universidade de Liverpool usaram o site pela primeira vez em um estudo para entender melhor as mordidas de cachorros.
As mordidas de cachorro são uma coisa pouco previsível, difícil de induzir em laboratório — todos os estudos anteriores sobre o assunto se baseavam em dados coletados após mordidas na rua. Era difícil entender as circunstâncias que realmente levaram aos ataques dos cães, um tema inegavelmente relevante — segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, aproximadamente 4,5 milhões de mordidas de cachorro ocorrem todo ano lá. E cerca de 900 mil viram infecções.
Para a pesquisa, os cientistas fizeram buscas com palavras chave como como “dog bite” (mordida de cachorro) e “dog attack” (ataque de cachorro), e analisaram 143 vídeos que foram postados no site entre janeiro e março de 2017. Em cada vídeo foram examinados 4 aspectos: o contexto das mordidas, a sua gravidade, características da vítima e características de cada cão.
Os cientistas admitiram que os vídeos postados no youtube possuem um certo viés, como, por exemplo, mordidas de cachorros pequenos tendem a ser apresentadas de forma cômica. As raças mais encontradas incluíam chihuahua, pastor alemão, pit bull e labrador. 7 de cada 10 vítimas eram homens, e mais da metade eram crianças e bebês.
Analisando os resultados, os pesquisadores atestaram que, cerca de 20 segundos antes de uma mordida, o contato da vítima com o cão aumentava — ela colocava o pé perto do cão ou se inclinava sobre ele. Adultos sofreram mordidas mais severas que crianças. As posturas corporais dos cães também forneciam indícios de um futuro ataque.
A autora principal da pesquisa, Sara Owczarczak-Garstecka, diz: “Os vídeos nos apresentam uma oportunidade inexplorada de observar mordidas de cães em primeira mão, algo que não é possível usando outros métodos. Isso nos ajuda a entender melhor como e por que as mordidas ocorrem, contribuindo para o desenvolvimento de estratégias de prevenção de mordidas.”