Óculos do Google capturam e traduzem a fala – e podem revolucionar comunicação com surdos
Protótipo combina realidade aumentada com tecnologias já usadas no YouTube e no Google Translate; veja demonstração
Protótipo combina realidade aumentada com tecnologias já usadas no YouTube e no Google Translate; veja demonstração
“É como se fossem legendas para o mundo”, diz um funcionário do Google logo após entregar o protótipo dos óculos a uma voluntária. “Você deve estar vendo o que eu estou falando, só que transcrito em tempo real”, explica ele, enquanto a moça faz uma expressão de espanto.
Um microfone dentro nos óculos capta a fala, que é processada e transformada em texto – e exibida por um miniprojetor de realidade aumentada embutido nas lentes. O gadget também é capaz de traduzir o que as pessoas estão falando. Numa segunda demonstração, uma pessoa fala em inglês enquanto outra, usando os óculos, vê as frases aparecendo em espanhol.
Se funcionar bem, o sistema de tradução finalmente poderá tornar os óculos de realidade aumentada um produto com apelo de massa – quase dez anos após o lançamento do Google Glass, o primeiro produto do tipo (ele não fez sucesso, e foi descontinuado em 2015).
Mas o mais impressionante vem na terceira demonstração, em que uma voluntária surda relata sua experiência ao testar o novo protótipo. Como capturam e transcrevem a fala em tempo real, os óculos poderão revolucionar a vida dos surdos – que conseguirão entender perfeitamente o que qualquer pessoa estiver dizendo. Isso não substituirá a comunicação por libras (o idioma brasileiro de sinais), mas poderá expandir dramaticamente a integração social das pessoas com deficiência auditiva severa.
Os óculos ainda não têm data de lançamento. Além disso, pela demonstração do Google não fica claro onde está ocorrendo o processamento de dados: se ele acontece nos próprios óculos ou em um smartphone, e se, como parece provável, a tradução/transcrição requer uma conexão à internet (o que sujeitaria o sistema a eventuais problemas de conectividade e latência).
De toda forma, o protótipo parece muito viável, pois o Google já tem as tecnologias necessárias para fazê-lo funcionar: um excelente algoritmo de captura e transcrição de fala, que é usado no YouTube, e a tradução robótica de alta qualidade do aplicativo Google Translate.