Som e fotografia são os pontos altos de filme da Fórmula 1
Produzido pela Apple e estrelado por Brad Pitt, longa conta a história de uma equipe fictícia no campeonato real da F1 em 2024; cenas de ação, gravadas com câmeras onboard baseadas no iPhone, transmitem uma sensação de velocidade inédita; leia análise

CUPERTINO – Em parceria com a Warner, a Apple produziu F1 – O Filme: longa estrelado por Brad Pitt, que interpreta Sonny Hayes, um piloto que volta a correr na Fórmula 1 após um passado turbulento. Na noite de 10 de junho, a empresa realizou uma pré-estreia mundial do filme (que chega aos cinemas hoje, dia 26/6) no Steve Jobs Theater, em sua sede na Califórnia.
F1 teve a consultoria do heptacampeão Lewis Hamilton. Mas foi dirigido pelo americano Joseph Kosinski, de Top Gun: Maverick (2022), e produzido por Jerry Bruckheimer – o nome por trás de vários blockbusters, como Armageddon (1998) e Dias de Trovão (1990), além da franquia Top Gun.
Isso significa que F1 é um filme de ação simples e direto, sem muita sofisticação narrativa (mesmo se comparado a Dias de Trovão, também sobre automobilismo). Afastado da Fórmula 1 em circunstâncias traumáticas, duas décadas atrás, o veterano Hayes volta ao receber um convite da APX GP – equipe que apesar dos esforços de seu diretor, Ruben (Javier Bardem), está em último lugar no campeonato, com zero pontos.
O primeiro rival de Hayes é Joshua Pearce (Damson Idris), seu companheiro jovem e antipático, mas que na verdade tem um bom coração; só é inseguro. Hayes tenta superar esse conflito e os problemas do time enquanto flerta com a engenheira-chefe, Kate (a irlandesa Kerry Condon).
O enredo insere essa equipe fictícia no campeonato real da Fórmula 1 em 2024. As cenas foram gravadas in loco, nos circuitos da F1, antes das corridas reais, e o filme traz muitas “pontas” de pilotos e dirigentes da categoria (com destaque para a divertida cena envolvendo Zak Brown, CEO da McLaren, e Frédéric Vasseur, diretor da Ferrari).
F1 comete alguns exageros narrativos, mesmo para os padrões Bruckheimerianos. Logo no primeiro GP, no qual larga em último, Hayes ultrapassa todo mundo, mesmo tendo o pior carro do grid, sem o mínimo esforço. Nem Sua Santidade Ayrton Senna seria capaz disso (o roteiro, aliás, traz uma referência bem interessante a Senna).
Em outro momento, Hayes e os engenheiros batem boca sobre a estratégia de pneus – em pleno pit stop, no meio da corrida, com o carro levantado. Também há uma quantidade exagerada de acidentes ao longo das corridas (o que, em certo ponto, chega a ser involuntariamente cômico).

Apesar disso, F1 desenvolve bem seu enredo, costurado por muitas sequências de ação – que são as melhores partes do filme. As câmeras colocadas nos carros transmitem uma sensação inédita de velocidade: elas foram posicionadas em ângulos mais interessantes, e têm resolução muito mais alta, do que as usadas nas corridas reais da Fórmula 1.
As câmeras onboard foram desenvolvidas especialmente para o filme, e combinam o sensor de imagem do iPhone, processador Apple (da série A) e um firmware específico. As gravações foram feitas usando o codec ProRes, da Apple, no formato Log – que depois, aproveitando a experiência adquirida pela empresa durante o filme, foi incorporado ao iPhone 15 Pro.
A Apple também desenvolveu um aplicativo para iPad, que a equipe do filme utilizou para ajustar as configurações das câmeras onboard e acompanhar em tempo real as filmagens capturadas por elas. As imagens foram capturadas no padrão de cores Academy Color Encoding System (ACES), que depois também foi incorporado ao iPhone.
O trailer do filme tem uma versão “háptica”, que utiliza o sistema de vibrações do iPhone para reproduzir os solavancos dos carros. Ele é compatível com o iOS 18.4 ou superior, e pode ser visto neste link.
No cinema, o som de F1 é especialmente impactante: o ronco dos carros impressiona, e as batidas chegaram a tremer as poltronas do Steve Jobs Theater. Isso provavelmente se deve ao excelente sistema de som do local, mas também é mérito do design de áudio do filme – se você for assistir, procure ver na melhor sala possível.
F1 – O Filme não tem o peso de Rush (2013), nem a elegância suprema de Grand Prix (1966). Mas é uma diversão honesta e visualmente rica, que captura bem a intensidade da Fórmula 1 moderna. Um programa obrigatório para os fãs da categoria – e ótima diversão para os demais.
O jornalista viajou a convite da Apple.