Texto originalmente publicado em 2018.
A infidelidade geralmente é vista como coisa de pessoas imorais, más, insensíveis. Mas estudos têm mostrado que a verdade por trás de traições é mais complexa do que pode parecer.
Para começar, traições não envolvem só sexo. Quando se trata de infidelidade puramente sexual, a ocorrência média observada em estudos é de cerca de 20% dos casais. No entanto, a taxa aumenta para cerca de um terço dos casais quando se inclui infidelidade emocional.
“Ter um caso geralmente é sinal de que as coisas não estão certas com o relacionamento. Sem as habilidades necessárias para curar os problemas, um parceiro pode se envolver em um caso como uma forma inadequada de tentar satisfazer suas necessidades – seja por intimidade, por se sentir valorizado, por ter mais sexo, e assim por diante”, escreve Gery Karantzas, professor de psicologia social e ciência dos relacionamentos na Universidade Deakin, na Austrália.
No artigo que escreveu para o site The Conversation, ele lista dados interessantes sobre a traição em relacionamentos amorosos. Separamos alguns:
– Características pessoais podem predizer a probabilidade de alguém trair. Estudos indicam que pessoas com mais características neuróticas e narcisistas, bem como aquelas desprovidas de traços como a afabilidade e a honestidade, são mais propensas a isso;
– Ainda relacionado ao narcisismo, o compromisso das pessoas com a satisfação de seus parceiros também é um fator importante – e, como seria de se esperar, os menos comprometidos são mais propensos a trair;
– O histórico da pessoa também conta muito: pesquisas recentes indicam que um dos melhores fatores para se predizer uma traição é já ter traído antes. Pulou a cerca uma vez, é muito provável que faça de novo;
– Mas é claro que, como Karantzas já havia indicado, a traição também tem muito a ver com o estado em que se encontra o relacionamento. Uma pesquisa com 5.000 pessoas no Reino Unido descobriu que as cinco principais causas para as mulheres traírem estão relacionadas à falta de intimidade emocional (84%), falta de comunicação (75%), cansaço (32%), traumas ligados a sexo ou abuso (26%) e falta de interesse no sexo com o parceiro atual (23%).
Para os homens, os motivos foram a falta de comunicação (68%), estresse (63%), disfunção sexual com o parceiro atual (44%), falta de intimidade emocional (38%) e fadiga ou cansaço crônico (31% ).
Em um primeiro momento, talvez o cansaço pareça o fator mais estranho na lista. Mas Karantzas explica: “As pessoas precisam investir tempo e energia em seus relacionamentos. Sentir cansaço crônico ao longo de muitos anos significa que a capacidade de fazer o esforço necessário para manter um relacionamento também está comprometida”.
Vale dizer que todas essas coisas podem facilitar a ocorrência de uma traição, mas obviamente não determinam que ela vá acontecer. O autor afirma que, se algum desses fatores de risco estiver rondando o relacionamento (ou se a traição já aconteceu), pode ser uma boa procurar ajuda.
E se já rolou a pulada de cerca, mas o parceiro ainda não sabe? Nesse caso, esconder a sujeira embaixo do tapete só vai piorar as coisas. “Algumas pessoas optam por manter seu caso secreto por querer continuar com ele, por sentir culpa demais ou por acreditar que estão protegendo os sentimentos de seus parceiros”, escreve Karantzas.
“Mas o segredo só perpetua a traição. Se alguém realmente quer consertar seu relacionamento, é necessário falar a verdade e buscar de orientação profissional para apoiar o casal durante esse período turbulento”, completa.
Dá para ler o artigo completo (em inglês) aqui.