A Fórmula 1 já inventou tecnologias que foram parar nos carros de rua?
Conheça as duas principais inovações que conseguiram se disseminar para além das pistas.
Sim. As mais relevantes são o uso da fibra de carbono em superesportivos e o câmbio-borboleta (este, mais fácil de encontrar por aí).
Sobre a fibra: em 1981, o McLaren MP4/1 foi o primeiro carro da Fórmula 1 a usá-la em seu chassi (mais especificamente, no monocoque, a parte externa do cockpit). A ideia veio de um dos engenheiros da equipe, John Barnard.
A fibra de carbono é mais leve (e resistente) que o aço. Àquela altura, só era usada em componentes de aviões e helicópteros. Deu certo: a fibra reduziu o peso do MP4/1 – e fez a McLaren vencer corridas. Provou-se também segura: em 1981, basicamente salvou a vida do piloto John Watson após um grave acidente. Hoje, até 70% da estrutura de um F-1 é pura fibra de carbono, que também ganhou as vias fora dos circuitos de corrida.
Em 1992, a própria McLaren produziu o primeiro carro de rua feito com fibra de carbono, chamado McLaren F1. Era um superesportivo vendido por US$ 2 milhões em dinheiro de hoje. Outras marcas desse nicho, como Ferrari e Lamborghini, vieram atrás. Só que o material ainda é caríssimo – por ora, só dá as caras mesmo em superesportivos. Mas isso pode mudar um dia. A Ford, por exemplo, pesquisa há alguns anos formas de viabilizar a produção em massa da fibra de carbono.
John Barnard também esteve por trás de outra invenção que acabou nos automóveis de rua. Até o final dos anos 1980, as máquinas da F-1 ainda usavam transmissão manual. O piloto tinha de tirar uma das mãos do volante para trocar as marchas.
Barnard, já trabalhando para a Ferrari, acabou com isso: criou um câmbio semiautomático, no qual as trocas rolavam em duas pequenas alavancas atrás do volante – os paddle shifters (ou câmbio-borboleta).
A Ferrari estreou a novidade no GP do Brasil daquele ano e venceu a prova. Nos anos seguintes, todas as outras equipes fizeram o mesmo. Nos automóveis de rua, a Ferrari estreou o câmbio-borboleta em 1997, no modelo F355 (a função foi chamada na época de “câmbio F-1”). Mas essa novidade, diferentemente do que aconteceu com a fibra de carbono, massificou-se. Hoje, ela é padrão em boa parte dos carros com câmbio automático (o “modo manual” costuma ser via câmbio-borboleta).