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Como as aves migratórias conseguem se guiar pelo campo magnético?

Nos olhos, essas aves possuem proteínas que, em contato com a luz, se quebram e formam moléculas suscetíveis à atuação do magnetismo.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 set 2024, 09h28 - Publicado em 13 ago 2021, 15h59

Dá só uma olhada no passarinho estupendamente fofo da foto aí em cima. Em português, ele é conhecido como “pisco-de-peito-ruivo”. Todos os anos, milhares desses bichinhos fogem do inverno escandinavo e buscam refúgio às margens do Mediterrâneo, no sul da Europa. Eles sabem que rumo seguir porque a seleção natural os equipou com bússolas nos olhos.

O truque começa com proteínas localizadas nos olhos conhecidas pelo código Cry4, que se quebram em duas moléculas menores quando são expostas à luz de comprimentos próximos da cor azul. Na época de migrar, a produção de Cry4 aumenta nos piscos.

Moléculas comuns têm elétrons que andam em pares, e os membros desses pares são opostos no que diz respeito a uma propriedade chamada spin, que tem a ver com magnetismo. O resultado desse cancelamento mútuo é que a maioria das moléculas não é influenciável por campos magnéticos.

Acontece que as moléculas geradas pela quebra da Cry4 são de um tipo especial. Se chamam “radicais” e têm elétrons solteiros – que, sem um spin oposto para cancelar o seu, agem como ímãs.

Após a quebra, os dois radicais podem tanto voltar a se unir na forma de Cry4 como gerar um novo produto, diferente do original. Como os radicais possuem elétrons não pareados, a porcentagem de pares de radicais que terá cada um desses destinos possíveis muda conforme a orientação do pássaro em relação ao campo magnético.

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É assim que o pássaro sabe em direção está indo. Uma outra questão é entender de que maneira o animal visualiza isso. Como é a sensação subjetiva de ter uma bússola instalada em nossos olhos?

É provável que os produtos da quebra da Cry4 afetem os demais receptores de luz nos olhos do pássaro, gerando regiões mais escuras ou claras em seu campo de visão. Ou seja: as aves migratórias saberiam para onde ir conforme uma espécie de filtro aplicado sobre a iluminação ambiente (mais ou menos como pilotos de caça veem informações projetadas na frente do capacete em um tipo de visor translúcido chamado HUD).

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