Como conseguir cobrar o escanteio e correr para cabecear?

Essa é uma missão quase impossível. Ela seria, inclusive, ilegal, já que a regra, nem sempre clara, diz que o jogador que executou a cobrança não pode tocar na bola uma segunda vez sem que outro jogador tenha tocado nela antes. Mas sejamos hipotéticos, que é bem mais legal do que ficar especulando sobre regra de futebol em mesa redonda. O professor Francisco Eduardo Gontijo Guimarães, do Instituto de Física da USP de São Carlos, traça três possibilidades em que isso seria possível.

1 – O jogador seria um campeão olímpico dos 100 metros, um Usain Bolt que corre numa velocidade recorde de 10 m/s, o equivalente a 36 km/h. Ele precisaria chutar a bola a uma altura de 17 metros (um prédio de cinco andares).

2 – Ele seria um jogador hipotético que corre bastante, mas não é um Bolt. Ele atinge uma velocidade intermediária de 8 m/s, ou 27 km/h, bem próximo à média dos jogadores de futebol. A altura da bola precisaria chegar a 22 metros.

3 – Por fim, ele seria um maratonista, correndo a uma velocidade média de 6 m/s, ou aproximadamente 21 km/h. E a bola deveria atingir os 29 metros de altura.

Mas pra fazer essa façanha não basta o jogador ter força e sebo nas canelas. “O ângulo do chute na bola deve ser em torno de 60º para cima, praticamente impossível numa cobrança de escanteio”, explica o professor. Nos três casos, levando-se em consideração a velocidade e tempo de corrida específicos para cada um, Bolt teria que chutar num ângulo de 65º, o jogador num ângulo de 70º e o maratonista num ângulo de 74º.

Isso tudo considerando um campo de futebol dentro das medidas oficiais: comprimento mínimo de 90 m e máximo de 120 m, e largura de no mínimo 45 m e máximo de 90 m. A distância média entre a bandeira de escanteio e o meio da área é aproximadamente 35 m.

Há relatos de que o jogador José Maria Cervi, conhecido como Russo, realizou o feito há 65 anos, quando jogava pelo XV de Piracicaba. “Isso só foi possível por ele ter contado com a ajuda de ventos fortes no dia do jogo e pelo efeito na bola, de acordo com declarações do próprio jogador”, explica Guimarães.

Muito difícil para Bolt e possível com um bocado de sorte para Russo. Mas uma moleza só para Didi Mocó:

A cena integra o filme Os Trapalhões e o Rei do Futebol (1986), que teve a participação de Pelé.

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