Eles nem saem do ovário. Independentemente do tipo de pílula – há algumas que combinam dois hormônios, progesterona e estrogênio, e outras que têm apenas progesterona – o efeito é o mesmo: os ovários ficam “adormecidos” e deixam de liberar óvulos durante o período fértil, a chamada ovulação.
Em uma mulher que não usa métodos contraceptivos, a ovulação acontece todos os meses, na metade do ciclo – de 12 a 16 dias antes da próxima menstruação. Isso graças a diversos hormônios (entre eles, estrogênio e progesterona) que sinalizam o momento exato em que o corpo deve se preparar para uma possível fecundação. Nesse período, um óvulo maduro é enviado para as trompas, onde fica até que seja fecundado por um espermatozoide… ou não. Quando esse encontro não rola, a mulher menstrua.
No caso de quem toma pílula, os hormônios sintéticos do comprimido enganam os ovários – eles entendem que não precisam produzir os hormônios necessários para a gravidez e nem eclodir um óvulo maduro. Desse modo, a ovulação é inibida. Caso um espermatozoide chegue até as trompas, azar: vai ficar só na vontade.
O sangramento que algumas mulheres têm durante a pausa não é menstruação. O que acontece é que o endométrio – a membrana mucosa que forra o útero e fica mais espessa para receber o bebê – passa as três semanas de pílula “domado”, sem engrossar. Na quarta semana, porém, a ausência do anticoncepcional faz os hormônios flutuarem só o suficiente para inchá-lo um pouquinho. E aí esse pouquinho se desfaz, gerando um sangramento discreto. Menstruação fake; nenhum óvulo é descartado.
Agora, isso não significa que quem toma pílula tem uma reserva ovariana maior e vá entrar mais tarde na menopausa. Desde que as mulheres nascem, elas “gastam” folículos (estruturas que, no ciclo menstrual, amadurecem e se tornam óvulos) todo mês. Os folículos vão se degenerando e somem no organismo. É um processo natural de envelhecimento – e não há método contraceptivo que o interrompa.