Por que plantações de eucalipto são chamadas de “desertos verdes”?
Porque essas árvores, que não são nativas do Brasil, causam uma redução brusca na biodiversidade.
Porque essas árvores, que não são nativas do Brasil, causam uma redução brusca na biodiversidade.
Florestas de eucaliptos têm fins comerciais – a madeira é destinada à indústria de móveis ou à fabricação de papel, entre outras aplicações. Como a ideia é maximizar a produção, os eucaliptos são plantados como monoculturas: um tipo de vegetal só que ocupa uma grande área. A mata nativa, é claro, precisa sair.
O problema é que um ecossistema é a soma de suas espécies. Animais, plantas, fungos e até microorganismos formam cadeias alimentares intricadas. Remova uma espécie e todo o resto entra em colapso. Uma única árvore nativa pode fornecer sombra para répteis, frutos para macacos, néctar para polinizadores etc.
Essas são trocas de favores que evoluíram ao longo de milhões de anos por seleção natural. Não serve qualquer árvore. Assim, os bichos que são privados das plantinhas que já conhecem em prol de eucaliptos ficam sem comida e abrigo – e precisam sair.
“Essas florestas de plantas exóticas não são utilizadas pela nossa fauna da mesma maneira que as florestas nativas. Nelas, a diversidade é muito baixa, em nada se comparando com a biodiversidade presente no Cerrado ou na Mata Atlântica”, diz Geraldo Wilson Fernandes, professor de ecologia da UFMG.
Para piorar, o impacto é duradouro: o manejo intenso dos eucaliptos e alguns compostos que resultam da decomposição das folhas modificam certos parâmetros do solo, impedindo que a floresta nativa se recupere no futuro.
Segundo Fernandes, o eucalipto capta muito gás carbônico (essa talvez seja a única parte boa da equação) e, por isso, cresce rapidamente. Ele também retira muita água do solo, gerando um impacto negativo nos recursos hídricos.
A Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) alega que a sombra das copas das árvores de eucalipto promovem redução na temperatura do solo e incorporam matéria orgânica ao ambiente (o que acontece com toda espécie de árvore, lembra Fernandes).
Outro ponto defendido pela Bracelpa são os benefícios de uma técnica chamada mosaico florestal, que envolve intercalar as florestas plantadas e as naturais.
Fernandes avalia que a estratégia até diminui os impactos das florestas de eucaliptos, mas é preciso que haja monitoramento, considerando que as espécies de eucalipto podem invadir e destruir o que sobrou de mata nativa.
Pergunta de Tiago Lopes Alcântara, Mossoró, RN